Conhecido no Tibete como yartsa gunbu (Ophiocordyceps sinensis), é um filme de terror para larvas. Como os demais membros da família Cordyceps, este fungo é especialista em parasitar insetos, concretamente as larvas de mariposas-fantasmas (Hepialus humuli), O parasita, também conhecido pelos indianos e nepaleses como kira jari ou yakasumba cresce lentamente dentro da lagarta, consumindo-a durante o outono e o inverno, e justamente quando a neve começa a derreter, empurra seu hospedeiro moribundo para cima eclodindo em sua cabeça uma haste. |
O resultado é semelhante a uma planta cheia de esporos. Esta haste continua crescendo até brotar no chão, tornando-se assim a maneira de identificar o valioso yartsa gunbu, Sim, ele vale três vezes o seu peso em ouro.
O caso é que o Ophiocordyceps sinensis gera uma substância chamada cordycepina. A medicina tradicional chinesa processa o fungo -em estado natural também é rico em arsênico e em metais pesados que o tornam tóxico- e elabora um pó que é usado para diferentes tratamentos que vão desde evitar a fadiga até afrodisíaco -é conhecido como Viagra tibetano- .
Cientificamente, a cordycepina é uma molécula análoga à adenosina com um potente efeito anti-inflamatório e acham que também é anticancerígeno. Uma equipe da Universidade de Oxford associada à companhia biofarmacêutica NuCana desenvolveu um extrato potencializado pela cordycepina. Chama-se NUC-7738, e os primeiros ensaios clínicos apontam que pode ser convertido em um tratamento eficaz de quimioterapia contra alguns tipos de câncer.
A cordycepina não dura muito na corrente sanguínea antes de se degradar, e ademais não é muito eficiente à hora de penetrar nas células. O que os pesquisadores conseguiram é um extrato que penetra nas células sem necessidade de apoiar no sistema humano de transporte de nucleotídeos (hENT1), o que o faz 40 vezes mais potente que a substância natural da qual procede.
Os ensaios clínicos do NUC-7738 com pacientes humanos foram iniciados em 2019 com um grupo de pacientes voluntários cujos tumores resistiam aos tratamentos convencionais. O NUC-7738 não só conseguiu estabilizar a evolução da doença e fazer com que o câncer entrasse em remissão, senão que ademais parece ser bem tolerado.
Ainda é cedo para ver o NUC-7738 nos hospitais. Demonstrada sua segurança, o seguinte passo é realizar uma segunda fase de ensaios para determinar melhor seu uso e dosagem. Em alguns anos é provável que o novo tratamento já esteja sendo administrado fora do meio experimental.
O problema é que a dependência das comunidades do platô tibetano e a demanda sempre em alta da China pelo fungo gera consequências para o meio ambiente. Os especialistas advertem faz algum tempo que o excesso da colheita pode levar ao desaparecimento do fungo, e essa não é a única causa da notável escassez do yartsa gunbu nos últimos anos.
Acredita-se que o aquecimento global também tenha um papel importante, e o frágil ecossistema está tendo problemas para acompanhar a taxa em que as cadeias de montanhas ao redor do mundo estão ficando mais quentes. Com o yartsa gunbu se tornando visivelmente mais escasso, e a demanda subindo constantemente, é provável que quando demonstrem sua eficácia no tratamento do câncer ele já esteja extinto.
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