Um plano para sacrificar mais de 10.000 cavalos selvagens, mantendo com vida uma população menor, não deterá o dano continuado de um parque australiano, segundo um grupo de cientistas preocupados. O Parque Nacional Kosciuszko de Nova Gales do Sul tem hoje 14.380 cavalos selvagens. Os grandes herbívoros, com seus duros cascos, pisam a delicada vegetação e alteram a paisagem. Este é um país de cangurus e coalas, não um país de cavalos, motivo pelo qual o ecossistema local sofre em consequência. |
Enquanto perambulam livres, os milhares de cavalos selvagens, conhecidos como brumbies pelos australianos, causam ondas de estresse no frágil ecossistema, ameaçando os robustos peixes-galáxia, os sapos-assobiadores, os caranguejos-de-Riek e os ratos-de-dentes-largos, entre muitas outras espécies nativas. Se nada for feito com respeito aos brumbies, seu número poderia chegar a mais de 20.000 dentro do parque já em 2022, de acordo com uma carta aberta enviada ao ministro de Meio ambiente de Nova Gales do Sul, Matt Kean, no final do mês passado.
A carta, escrita por 15 cientistas e assinada por 69 pesquisadores e sociedades científicas de apoio, argumenta que o plano governamental recente de sacrificar 10.000 cavalos selvagens não é suficiente, já que ainda permitiria que 3.000 cavalos habitassem um terço do parque.
Estes cavalos continuariam ameaçando às espécies em perigo de extinção e à ecologia local em seu conjunto, argumentam os cientistas. Kosciuszko não vai começar a se recuperar da seca, dos extensos incêndios florestais e da pastagem excessivo se, como se propõe atualmente, ficarem 3000 cavalos selvagens, diz a carta, escrita em nome da Academia Australiana de Ciências.
O plano, divulgado em setembro, foi criado pelo Serviço de Parques Nacionais e Vida Silvestre de Nova Gales do Sul, e é uma revisão de uma estratégia similar proposta faz cinco anos. O governo quer proteger Kosciuszko, já que encontra-se entre os maiores parques alpinos da Austrália.
O rascunho do plano de gerenciamento de 2016 requeria uma população de aproximadamente 600 cavalos, mas como informou a imprensa local no mês passado, o governo parece ter sido influenciado por grupos comunitários desejosos de promover o valor patrimonial dos cavalos.
Os autores da carta aberta estão questionando a necessidade de manter tantos cavalos selvagens no parque, tendo em conta que os conservacionistas agora terão que matar continuamente estes cavalos para manter à margem a crescente população.
Para proteger as plantas nativas, os animais e o ecossistema local dos brumbies, o grupo de cientistas pede ao governo que reduza rapidamente o número de cavalos selvagens muito abaixo do objetivo preliminar de 3.000 mediante o uso de todos os métodos disponíveis que sejam efetivos, e que o faça de acordo com as normas de bem-estar animal.
Ademais, os cientistas querem que a totalidade do Parque Nacional Kosciuszko fique protegido dos cavalos selvagens, e não dois terços. Também estão pedindo ao governo que revogue a Lei Kosciuszko do Patrimônio de Cavalos Selvagens de 2018, que é um impedimento legal para o gerenciamento efetivo de parques nacionais baseada em provas, e entra em desacordo com a Lei de Parques Nacionais e Vida Silvestre de 1974.
É lamentável que tenham que matar tantos cavalos, mas o ecossistema australiano é muito frágil. Em 2020 tiveram que sacrificar um número similar da praga de camelos selvagens. Em 2017 o país liberou um vírus hemorrágico letal para acabar com a continuada praga de coelhos, que resultou em consequências desastrosas para o equilíbrio ecológico do país.
No entanto, ao que parece, os australianos devem atuar a favor do meio nativo e não se distrair com todas essa pieguice sobre patrimônio cultural e valor patrimonial. Que, a partir de agora, façam campanhas de esterilização periódicas para controlar a população. O ideal seria fazê-lo em vez de matá-los, mas com um número tão grande a medida não salvaria o parque e as espécies nativas.
Todo este suposto patrimônio não valerá de nada se o patrimônio natural da Austrália se apagar pelo caminho.
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