A região tanzaniana de Arusha, ao norte do país e fronteiriça com o Quênia, alberga numerosos elementos naturais destacados. Não só se encontra ali a segunda montanha mais alta da Tanzânia depois do Kilimanjaro, o Monte Meru, ou a famosa Garganta de Olduvai, cujas jazidas arqueológicas e paleontológicas lhe outorgam o sobrenome de berço da humanidade. Ademais Arusha tem diversas crateras e vulcões extintos, e um em particular que ainda segue ativo, mas que é diferente de qualquer outro vulcão do mundo: seu derrame de lava é cinza e inclusive pode ser branco. |
Os masai, que são faz séculos o povo de presença majoritária na região, o chamam "O Doinyo Lengai" que significa "Montanha de Deus". Tem uma altitude de 2.960 metros e a idade de seu cone vulcânico é estimada em uns 370.000 anos de antiguidade.
Normalmente a lava vulcânica costuma ser rica em silicatos e sai à superfície a temperaturas entre 700 e 1.200 °C, com o brilho vermelho incandescente que costuma ser a iconografia mais comum das erupções vulcânicas.
Mas o vulcão O Doinyo Lengai é diferente. Ali a escoada lávica é de um tipo diferente, de fato, é o único vulcão ativo com esta característica. Sua incomum composição faz com que erupcione a temperaturas relativamente bem mais baixas, entre 500 e 600 °C, perdendo sua incandescência com uma cor escura, preta à luz solar, tornando com o tempo cinza e inclusive branca em contato com a água. Por isso antigamente costumavam confundi-la com mármore.
Este tipo de lava, que ademais é menos viscosa que a água, produz um estranho e enganoso efeito ao fluir ao exterior. É denominada lava natrocarbonatita e se forma a partir de rochas carbonatitas, que têm mais de 50% de sua massa composta de minerais derivados do ácido carbônico.
Precisamente a rápida mudança de cor do preto ao grisáceo, que fica branco em poucas horas, se deve a que os carbonatos que contêm (nyerereita e gregorita) são instáveis em contato com a atmosfera, e suscetíveis de uma rápida meteorização ou decomposição.
Assim, o insólito espetáculo da erupção quase líquida se soma a espantosa paisagem vulcânica resultante, sem comparação em outra parte do mundo.
A última erupção do O Doinyo Lengai ocorreu em 2013, quando a cratera resultante das anteriores erupções explosivas em 2007 e 2008 começou a ser preenchida com lava natrocarbonatita, mudando o aspecto da caldeira, ao menos temporariamente.
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