Vivemos a era dos influencers, o que não é gratuito. Os efeitos de uma rede social virtual de compartilhamento de fotos onde seus usuários exibem suas "vidas maravilhosas" foram documentados em várias ocasiões; particularmente por produzir ansiedade e depressão em muitos de seus usuários. O estudo mais recente que mostrou isto apareceu em um documento vazado por uma ex-empregada de uma grande rede. Uma de cada três adolescentes se sente deprimida por ter um corpo inadequado e fora dos padrões da moda após navegar na Internet. |
Pese que quase todas as redes sociais têm notórios efeitos nocivos nas pessoas, não existe nenhuma medida que vise restringir seu uso nas sociedades ocidentais. A razão não é só econômica, tem a ver com uma particular visão que supostamente defende a liberdade ou, mais precisamente, o exercício do livre arbítrio, algo que quase sempre significa liberdade de comprar mais coisas, escolher entre mais formas de entretenimento e exigir mais direitos.
Conquanto China tenha abraçado o capitalismo -e com isso uma contradição, pois oficialmente é um país comunista- se manteve um estreito poder estatal com o qual exerce um controle da "liberdade" que para o Ocidente não deixa de ser escandaloso.
Um exemplo disto é a recente decisão do departamento de Administração do Ciberespaço que anunciou que as celebridades não poderão "presumir sua riqueza" ou seus "prazeres extravagantes" nas redes sociais virtuais. O comunicado também menciona que as celebridades não devem promover informação inapropriada e incitar violência entre os fãs. De modo que existe um aspecto de repressão na medida, como era de se esperar. As razões que deram: promover os bons costumes e preservar um estilo de vida saudável e de bom gosto.
O Partido Comunista chamou às celebridades a se "oporem aos conceitos degenerados de idolatria do dinheiro, hedonismo e individualismo extremo". Isto é algo que se encontra como moeda corrente nas redes sociais virtuais e que claramente faria bem diminuir, quando não eliminar. No entanto, vindo do Partido Comunista chinês, onde a corrupção imperou nos últimos anos, muitos poderiam questionar a pureza destas medidas.
A caçada começou em agosto último, quando o Escritório de Informações da Internet da China, o site da Comissão Central de Inspeção Disciplinar e Supervisão do Estado e os principais meios de comunicação oficiais publicaram artigos criticando a imprensa negativa incessante na indústria do entretenimento.
Eles disseram que as celebridades não deveriam pisar na linha vermelha, caso contrário, sua carreira estaria acabada. A Administração Geral de Rádio, Filme e Televisão da China também informou várias agências governamentais sobre "artistas com histórico ruim" e pediu que investigassem e os eliminassem da lista.
Ao mesmo tempo, a mídia social chinesa Weibo e os principais sites de cinema e televisão estão removendo o conteúdo de alguns artistas. Todos os chineses podem sentir que uma grande repressão à indústria de entretenimento chinesa está chegando. Algumas fontes revelam que mais artistas chineses irão embora em um futuro próximo.
O povo chinês comum tem uma ideia de como os ricos vivem por meio da Internet. O rápido desenvolvimento econômico da China nos últimos 30 anos deu origem a um grupo de indivíduos ricos que também estão ansiosos para exibir sua riqueza e compartilhar suas chamadas histórias de sucesso através da Internet.
Nos últimos anos, com o surgimento das mídias sociais na China, gabar-se de sua riqueza se tornou uma tendência. Uma rápida olhada no panorama online chinês revela que há gente rica demais na China.
No entanto, sob o mantra de "prosperidade comum" do governo de Xi Jinping, cada vez mais os indivíduos ricos da China deixaram de ser menos ativos para se tornarem silenciosos e, finalmente, desapareceram em massa. Junto com os verdadeiros ricos, os falsos ricos também estão desaparecendo.
Para além disto, a China demonstrou que ainda tem o poder de regular à sociedade e fazer frente aos poderes tecnológicos. Recentemente multou vários conglomerados tecnológicos e começou a dissolver seus monopólios. Esta medida foi interpretada como uma tentativa de prevenir a formação de poderosos da tecnologia na China, neste caso achacando empresas como Alibaba ou Tencent Holdings.
Cabe mencionar que faz vários anos alguns sites de comum acesso na grande maioria dos países do mundo, são proibidos na China. A recente medida é somente uma mais dentro de muitas decisões polêmicas que alguns consideram como mera censura, mas que outros entendem como uma defesa da moral e os valores tradicionais da sociedade.
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