A esposa de Bach realmente compôs muitas de suas obras mestres?

Johann Sebastian Bach foi um gênio absoluto, não há nenhuma dúvida a respeito. No entanto, um documentário de 2014 esgrime uma singular teoria: que algumas de suas grandes obras foram escritas em realidade por sua esposa. Anna Magdalena Bach, que passou à história simplesmente como a mulher do gênio e mãe de seus filhos -chegou a ter nada menos que 13, dos quais 7 morreram jovens-, pode ser em realidade bem mais que isso. Em "Written by Mrs Bach" Marvin Jarvis, professor de música e autor do livro em que se baseia o documentário, teoriza que Anna Magdalena não foi apenas uma copista.

Este documentário segue os estudos de 20 anos de Marvin que, pela primeira vez, apesar da ira de estudiosos em todo o mundo, desafia e confronta os mitos em torno de Johann Sebastian Bach. Suas descobertas na época atraíram a ortodoxia de Bach quando Marvin afirmou que Anna Magdalena compôs as obras mais importantes de seu marido, a saber:

1. As seis suítes para violoncelo solo, das quais a primeira é muito popular.
2. A ária com que começam e terminam as famosíssimas Variações Goldberg.
3. "O Cravo Bem Temperado", uma das obras mais importantes da música ocidental.

Não obstante Marvin Jarvis fornece poucas provas sobre o assunto, porque todas são circunstanciais. É só uma teoria que se baseia em três pontos:

1. Que todas estas peças se desviam muito, segundo todos os pesquisadores, do resto de trabalhos de Bach, tanto estrutural como tecnicamente.
2. Que os manuscritos parecem ter sido escritos por Anna Magdalena, e inclusive em um deles está escrito na capa: "escrito por Mrs Bach" em francês.
3. E por último que não há nenhuma prova de que o próprio Bach as compusesse, a não ser que aceitemos que compôs tudo o que lhe é atribuído.

A tudo isto se soma que Anna Magdalena vinha de uma família de músicos e tinha inclusive bastante talento como cantora. E também que a imensa e prolífica produção de Bach, com mais de 1.100 obras conhecidas -às que teria que somar as que se perderam-, parece indicar que teve que contar com ajuda. De fato a teve por parte de seus filhos, por que não teria tido também por parte de sua esposa?

Outro dos fatos argumentados tem a ver com os próprios manuscritos. Se Anna Magdalena apenas tivesse corrigido e copiado os manuscritos de seu esposo, estes não deveriam conter nenhum erro. No entanto não parece, segundo a documentóloga forense Heidi Harralson, que fossem cópias, senão autênticos originais sobre os quais ela fez suas próprias correções.

O documentário não pretende em nenhum caso desmerecer Bach nem questionar seus méritos e seu trabalho, tão só trazer à tona o trabalho da mulher que permaneceu oculta aos olhos da História.