À vista de pássaro (segunda foto de satélite) parece uma gigantesca mitocôndria, solitária e imóvel, flutuando na imensidão de um citoplasma azul. Mas em realidade trata-se de um atol que faz parte do arquipélago Tuamotu, na Polinésia Francesa, composto por setenta e oito ilhas e atóis de coral que somam uma superfície total de oitocentos oitenta e cinco quilômetros quadrados. Este, mais especificamente, se chama Mataiva, que administrativamente se enquadra na comuna de Rangiroa, e que está localizada em um dos extremos desse conjunto insular, o noroeste. |
O aspecto inicial que o compara com uma mitocôndria não só obedece a sua forma ovalada -dez quilômetros de comprimento por algo mais de cinco de largura) senão também à lagoa central que ocupa quase toda a superfície interior e o assemelha ao reticulado do órgão celular.
Como dá para apreciar, a ilha é constituída por um anel que corresponde ao cone de um vulcão parcialmente submerso, do que unicamente aflora uma pequena crista. Com o tempo, os recifes de coral foram se assentando ao redor de dita crista, fazendo com que a caldeira passasse a ser uma lagoa. Até aí, nada que seja diferente a outros milhares de atóis espalhado pelo Pacífico, donos e uma beleza paradisíaca tem tornou muitos deles em demandados destinos turísticos.
Mas a lagoa de Mataiva é um pouco especial porque está cheia de poças de coral que a erosão transformou em uma espécie de estrutura alveolar em forma de rede, com linhas de cinquenta a trezentos metros de largura, originando umas setenta pequenas piscinas naturais de água cor turquesa. A profundidade média da cada uma delas é de oito metros. E, ainda que desde uma perspectiva aérea pareça, as cristas não sobressaem à superfície senão que estão a um metro sob o água, mais ou menos.
A escassa população de Mataiva vive no anel exterior, concentrada em um minúsculo povoado chamado Pahua que distribui suas solitárias casas entre as duas margens do canal que liga a lagoa com o mar; é uma língua de cento dez metros de comprimento que abriga a ponte mais longa de toda a Polinésia. Curiosamente, a profundidade do canal mal supera o metro, pelo que não é navegável. O resto da superfície do atol está coberta de mata.
Mataiva significa "Nove Olhos"; recuperou sua denominação autóctone depois de ter sido batizada Lazarev por seu descobridor em 1820, o marinheiro estônio Fabian Gottlieb Thaddeus von Bellingshausen, durante uma viagem ao redor do globo para a Marinha Imperial Russa. Na parte sudeste também existe um antigo centro cerimonial associado ao culto à tartaruga chamado Marae Papiro, que até 1906 era o núcleo populacional principal e hoje é um sítio arqueológico.
Ademais há alguns pequenas ilhotas dentro da lagoa que são usados como santuários religiosos e, sobretudo, para crias de aves marinhas; porque, pese a seu modesto tamanho, Mataiva tem sua própria fonte de riqueza nas jazidas de fosfato que há sob as poças, com estimativas de dez a quinze milhões de toneladas, e isso costuma deixar chocados os ecologistas, que conseguiram paralisar sua extração.
A exemplo de Nauru, na Micronésia, onde também tinha uma mineração que deixou a ilha degradada e inabitável, os moradores locais decidiram abandonar o fosfato em favor do cultivo de baunilha, coco, pesca e, como não, turismo. Em 1999 foi inaugurado um aeródromo onde a Air Tahiti mantém uma linha diária com Papeete, a capital e a porta de entrada para o Taiti.
Antigamente só a copra (polpa seca de coco) e a caça de tartarugas marinhas na lagoa supunham uma atividade econômica para os esporádicos visitantes que chegavam de barco desde Rangiroa e Tikehau, pois o lugar não teve vizinhos permanentes até 1945. Hoje, querem conservar seu paraíso antes de mais nada.
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig ID: c048e5ac-0172-45ed-b26a-910f9f4b1d0a
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários