O intenso cheiro a gás substituiu o ruído ensurdecedor da erupção, e a ladeira de um novo vulcão que brotou imponente na ilha de La Palma é agora a lembrança de uma vida que se esconde de baixo da lava endurecida. Há centenas de moradores de La Palma, que, em 19 de setembro, no dia que começou a erupção do vulcão, ficaram marcados para sempre. Pese a que suas casas agora jazem sob a lava, os afetados começam pouco a pouco a receber as chaves de seus novos lares, onde procuram começar uma nova etapa, propositalmente de que, para muitos, o trabalho de toda uma vida segue sepultado e nada poderá o compensar tudo. |
No primeiro dia de erupção foi tudo uma loucura, os moradores saíam à rua assustados, sem nenhuma informação, era todo um corre-corre, carros indo e vindo e ninguém sabia ao certo o que fazer. Justo um mês antes da erupção, um incêndio afetou à ilha, e nesse momento muitos já sabiam o que deveriam recolher no caso de uma evacuação.
Durante os meses que seguiriam a evacuação, os habitantes locais se dividiram entre se alojar nos lugares habilitados pelas autoridades ou se refugiar na casa de familiares ou amigos, à espera do inevitável momento de ver sua casa sendo engolida pelo magma.
Hoje muitos já estão vivendo faz semanas em suas novas casas, compradas pelo Governo canário durante a emergência. Segundo os últimos dados do Governo autonômico, já adquiriram mais de 300 moradias e entregaram mais de 100 milhões em ajuda para moradia e alojamento.
Historicamente, os vulcões e sua atividade atraíram turistas estrangeiros as Canárias, fascinados por uma atividade muito difícil de ver no resto do mundo. No entanto, nesta ocasião, o impressionante espetáculo natural juntou-se com o drama humano vivido diariamente, onde as imagens de casas, bananais e bairros inteiros engolidos pelo derrame de lava deixavam uma desoladora sensação de desamparo.
Habitantes de outras ilhas canárias e de fora do arquipélago debatiam se ir a La Palma seria mórbido e prejudicaria seus habitantes ou não. Neste sentido, tanto o Governo canário como as instituições insulares tinham claro desde o princípio que La Palma é um lugar seguro para viajar e animavam a visitar a ilha.
As autoridades recordaram que, respeitando as zonas de exclusão, o turismo ajudará a que a economia insular não sofra ainda mais as consequências do vulcão.
De fato, as cenas de paredes de lava solidificadas de até 70 metros de altura e os gases que ainda se vazam na cratera estão atraindo para a ilha os turistas que querem ver por si mesmos os efeitos de uma erupção que durou 85 dias.
A demanda de excursões com temática vulcânica disparou e as autoridades estão investindo na promoção de La Palma, que é uma das menos visitadas das Ilhas Canárias, dependentes do turismo e situadas em frente ao oeste da África, para reconstruir sua economia.
No entanto, devem conciliar suas visões de futuro para a ilha com as necessidades mais urgentes das milhares de pessoas cujos lares e meios de vida foram destruídos, e para quem a visão de turistas abobados ante a destruição poderia resultar gravemente desrespeitosa.
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