Se você frequenta TikTok, talvez tenha visto ultimamente jovens colocando cabides na cabeça. Trata-se do enésimo desafio viral na rede social e, por sorte, é um que você pode fazer em sua própria casa com relativa segurança, diferente dos demais desafios estúpidos que surgem na rede. Tudo começou em 2020, uma época na que estávamos tão aborrecidos em casa devido a quarentena que não é de surpreender que alguém acabasse colocando um cabide na cabeça para ver o que acontecia. Agora em 2022, o desafio está vivendo um segundo auge, e estou seguro de que não será o último. |
Mas que diabos é isso? Pois de procurar um cabide no seu armário. Idealmente deveria ser um desses de arame, mas os de plástico também servem desde que sejam amplos o bastante para albergar sua cabeça com comodidade. A seguir, abra um pouco o cabide o coloque na cabeça com a parte plana apertando ligeiramente um dos dois lados da cabeça à altura da têmpora.
Supostamente, ao fazê-lo sua cabeça começa a girar de maneira involuntária para o lado onde a pressão é exercida. A internet está cheia de vídeos de gente espantada que jura e perjura que o truque do cabide lhes faz mover a cabeça sem que queiram, como se fosse um ato reflexo. Basta digitar "hanger reflex challenge" no Youtube.
Por suposto, não falta quem tentou com insucesso absoluto. Para contribuir uma experiência empírica sobre o tema, fiz o desafio em casa e devo confessar que me senti um tonto por não ter experimentado o mínimo impulso de mover a cabeça para nenhum lado. O que me levou a pensar que as pessoas que colocam o cabide e giram dramaticamente a cabeça ou bem são muito sugestionáveis ou teatrais.
Há alguma evidência científica que avalie a possibilidade de que uma pressão no lado da cabeça nos faça movê-la? Há. Em 2015, publicaram um pequeno estudo no Japão intitulado "Taxa de ocorrência do reflexo do cabide: Rotação inesperada da cabeça ao aplicar compressão na região fronto-temporária". O estudo, de fato, é o que batizou o fenômeno como "Reflexo do Cabide".
Os pesquisadores, todos eles neurologistas do Departamento de Neurocirurgia na Universidade de Toyama, puseram o cabide na cabeça de 120 voluntários (60 homens e 60 mulheres) entre 19 e 65 anos. 95,8 dos participantes informaram de uma forte sensação de rotação ao sentir pressão na região unilateral fronto-temporária. 85,4% deles girou a cabeça na direção da pressão, enquanto o resto o fez na direção contrária. 4,2% não experimentou sensação de giro alguma.
O estudo limitou-se a constatar que o reflexo existe, mas os pesquisadores não foram capazes de encontrar o mecanismo exato pelo qual isto ocorre. Um estudo posterior de 2020 sugere que o reflexo do cabide poderia servir para mitigar a distonia cervical, mais conhecida como torcicolo, mas asseveram que é necessário pesquisar mais a respeito.
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