O urso-Kermode-branco, às vezes chamado de urso-espírito ou urso fantasma (Ursus americanus kermodei), com pelagem branca ou creme, em verdade é uma subespécie do urso-negro americano que vive quase em sua totalidade nas Ilhas Princess Royal e Gribbell ao longo da costa da floresta tropical da Colúmbia Britânica, no Canadá. Cerca de 20% dos ursos nessas ilhas são brancos; o resto é preto. Sua população estimada é de no máximo 150 indivíduos, o que faz dele o urso mais raro do planeta. No continente, a porcentagem de ursos brancos cai drasticamente. |
Eles não são ursos polares nem albinos tampouco leucísticos. A pelagem branca dos ursos-Kermode é o resultado de um gene recessivo duplo exclusivo desta subespécie. Uma única substituição de nucleotídeo na porção do receptor de melanocortina-1 (MC1R) desse gene faz com que ele produza adenina em vez de guanina. Quando ambos os pais contribuem com este gene recessivo, o resultado é a pelagem branca.
A mutação provavelmente ganhou destaque durante a última era glacial. As geleiras cobriam a maior parte do noroeste do Pacífico. Talvez uma população de ursos-negros tenha sido isolada em uma faixa ao longo da costa, e a endogamia aumentou a frequência da mutação e suas chances de se encontrar. Mais tarde, quando as geleiras derreteram e o mar subiu, alguns dos ursos podem ter ficado presos nessas ilhas, enquanto outros viajaram de volta para o continente.
Dois ursos-Kermode-negros podem acasalar e produzir um filhote branco se ambos os ursos forem heterozigotos, carregando uma cópia de MC1R, e ambos os genes mutantes forem herdados pelo filhote. Curiosamente, estudos genéticos adicionais descobriram que os ursos-Kermode-brancos se reproduzem mais entre si evitando os Kermode-negros, e o inverso também é verdade, conformando um fenômeno conhecido como acasalamento seletivo positivo. Uma hipótese é que isso acontece porque os ursos jovens sofrem cunhagem filial da cor da pelagem de sua mãe.
Seu nome é uma homenagem a Frank Kermode, ex-diretor do Museu Real da Colúmbia Britânica, que pesquisou a subespécie e foi colega de William Hornaday, o zoólogo que o descreveu. Os ursos-Kermode são onívoros durante a maior parte do ano, subsistindo principalmente de ervas e bagas, exceto durante as migrações de salmão no outono, quando se tornam predadores vorazes.
Durante o dia, os ursos-brancos são 35% mais bem sucedidos do que os ursos-negros na captura de salmão por uma curiosa razão. O salmão evade os grandes plantígrado pretos, mas vão direto para as garras dos brancos, dando a eles uma vantagem na caça. A pelagem branca do urso é mais difícil de detectar debaixo d'água pelos peixes do que a pelagem preta.
O habitat desses ursos ficou potencialmente sob ameaça pela instalação de um oleoduto em 2016, cuja rota planejada teria passado perto da Floresta Tropical do Grande Urso. Grupos indígenas, incluindo os Gitga'at, se opuseram ao oleoduto e protestaram durante dois anos. A repulsa acabou dando certo e o projeto foi rejeitado pelo governo federal em 2018.
Fora da Colúmbia Britânica, apenas cerca de um em um milhão de ursos-negros é branco. Até hoje foram avistados apenas quatro ursos-brancos fora da Colúmbia Britânica nas últimas décadas.
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