Mais de 260.000 homens fugiram da Rússia por medo de serem enviados para lutar na Ucrânia

O site de informação independente Meduza, censurado no início de março pelo Kremlin, revelou que os serviços de segurança do Kremlin confirmaram que mais de 260.000 homens haviam fugido da Rússia desde a última quarta-feira, quando Vladimir Putin ordenou a mobilização parcial de 300.000 homens para engrossar as fileiras de seus agentes na ofensiva contra a Ucrânia. O número chocante pode aumentar com o passar das horas, já que Moscou planeja apertar as medidas. De fato, especula-se que Putin poderia proibir a saída de todos os jovens, em idade de lutar, a partir do próximo dia 28 de setembro.

Os rumores precipitaram a saída de muitos cidadãos temerosos de acabar recrutados. Meduza também adverte que o número manipulado pelo FSB russo pode ser inventado e que pode até haver muitos outros milhares que estão fugindo do país.

Durante a mensagem televisionada na quarta-feira passada, Putin ordenou uma mobilização parcial que inclui o recrutamento de todos os cidadãos da reserva e aqueles que estavam no exército que têm experiência.

Os russos também estão fugindo porque o chefe do Kremlin assinou ontem uma lei que endurece as penas para desertores: o Código Penal reformado punirá os soldados que se recusarem a participar das hostilidades com penas de até 15 anos de prisão. Da mesma forma, aqueles que se renderem voluntariamente ao lado inimigo podem enfrentar penas de até dez anos de prisão.

De acordo com a ferramenta estatística Google Trends, que permite saber a frequência com que uma palavra é digitada no Google, as pesquisas na Rússia com os termos "passagem" e "avião" mais que dobraram desde as 06:00 GMT da última quarta-feira, no início do discurso televisivo gravado por Vladimir Putin.

A região de Belgorod, que faz fronteira com o nordeste da Ucrânia e tem sido repetidamente afetada por ataques ucranianos desde o final de fevereiro, ocupa o primeiro lugar na lista de locais onde essas buscas na internet foram realizadas.

Muitos disseram que compraram passagens com antecedência, mas nem todos tinham certeza de que voltariam à Rússia. As passagens para voos diretos para os destinos mais próximos, como Armênia, Geórgia, Azerbaijão ou Cazaquistão, estão esgotadas, segundo o site Aviasales, muito popular na Rússia.

Na direção de Istambul, com a Turkish Airlines, uma das principais rotas para fora do país de avião desde as sanções ocidentais e o encerramento do espaço aéreo europeu, todos os voos estão cheios até segunda-feira e o preço das passagens praticamente dobraram.

Na AirSerbia, para chegar a Belgrado, o próximo voo com assentos disponíveis é para quarta-feira, 28.

Além disso, ontem, a Rússia admitiu a existência de uma fila significativa na passagem de fronteira com a Geórgia, com mais de 2.300 veículos aguardando na Ossétia do Norte para passar pela passagem de Verjni Lars, a única entre os dois países. Cenas semelhantes se repetem nas fronteiras da Rússia com o Cazaquistão, Mongólia e Finlândia.

Isso não é tudo, desgostosos, os russos estão incendiando os comissariados de alistamento militar e administrações locais. Só nesse final de semana incêndios foram ateados em escritórios de alistamento em São Petersburgo, Nizhny Novgorod, Orenburg, Zabaikal, Tolyatti, Amur e Khabarovsk, Volgogrado, Kansk, Kaliningrado, Mordóvia e na região de Leningrado, entre outras. Quase todos os incêndios foram supostamente iniciados por coquetel molotov.

Atualização (26/09/2022 às 14:23) – Um vídeo chocante mostra um homem, aparentemente sendo convocado, atirando em seu oficial de recrutamento em Úst-Ilimsk, em Irkutsk. Ambos estão vivos, de acordo com as reportagens mais recentes, mas a situação do policial é grave. O homem foi detido e acusado de tentar assassinar um funcionário público.

Outro russo tentou se queimar vivo em uma estação de ônibus em Ryazan, cerca de 180 quilômetros a sudeste de Moscou. Uma testemunha da tentativa de autoimolação disse a um canal de notícias local que o homem "riu e gritou que não queria fazer parte da operação especial" na Ucrânia, referindo-se ao eufemismo legalmente imposto que Putin está usando para descrever a invasão. Imagens perturbadoras de CCTV mostram o homem se encharcando em fluido de isqueiro antes de explodir em chamas. A condição do homem não é conhecida, embora ele tenha sofrido 90% de queimaduras em todo o corpo.