Esta é a vida em uma colônia penal russa, vivida por Maria Alyokhina do Pussy Riot

A jogadora de basquete Brittney Griner foi condenada no começo do mês de agosto a 9 anos de prisão em uma colônia penal russa e multada em 1 milhão de rublos (862mil reais) por posse de drogas e contrabando. Ela foi detida no Aeroporto de Moscou Domodedovo em fevereiro na posse de um líquido vaporizador à base de cannabis -proibido nas Rússia-, que ela diz ter sido prescrito para por um médico. Como será a vida dela? A ativista punk Maria Alyokhina, do Pussy Riot, que passou dois anos em uma colônia penal por protestar contra Putin, pode dizer.

- "Este não é um prédio com celas. Parece uma aldeia estranha, como um campo de trabalho do Gulag", disse ela, referindo-se à vasta rede penal estabelecida pelo ditador soviético Josef Stalin para isolar inimigos e dissidentes políticos.

- "Na verdade, é um campo de trabalhos forçados porque, por lei, todos os prisioneiros devem trabalhar na Rússia. A coisa bastante cínica sobre esse trabalho é que os prisioneiros costumam costurar uniformes da polícia e uniformes para o exército russo, quase sem salário", explicou ela.

A colônia foi dividida entre uma área fabril onde os prisioneiros faziam roupas e luvas e uma "zona viva" onde Maria disse que 80 mulheres viviam em um quarto com apenas três banheiros e sem água quente.

Maria revive as memórias de seu tempo como prisioneira: pátios nevados da prisão, camas de tábuas, longos períodos em confinamento solitário e punição por infrações menores, como casaco desabotoado ou crachá mal preso.

Nesta primavera, após uma série de curtos períodos de prisão e um período de prisão domiciliar, devido a um tweet de apoio ao crítico do Kremlin Alexei Navalny, ela escapou de um apartamento em Moscou disfarçada de entregadora de comida e conseguiu fugir do país via Bielorrússia e está vivendo em Londres.

Ela está impaciente com aqueles no Ocidente que preferem pisar suavemente em Putin por medo de como ele pode escalar o conflito. Ela compara essa postura a dizer às vítimas de violência doméstica que elas não devem "provocar" seus agressores.

- "As armas nucleares e o perigo de uma guerra nuclear existem, é claro, mas isso não é motivo para não fornecer uma defesa à Ucrânia, porque se a Ucrânia perder esta guerra haverá mais países atacados. Também provavelmente com armas nucleares", reclamou Maria.

Ela diz que a Rússia é culpada de crimes de guerra -um termo que também foi usado pela Ucrânia, Casa Branca e União Europeia- e em algum momento deve enfrentar um acerto de contas, como os julgamentos de Nuremberg de líderes nazistas. Moscou nega atacar civis ou cometer crimes de guerra.

- "A Rússia deve passar pelo mesmo caminho que a Alemanha passou após a Segunda Guerra Mundial", disse ela. - "Não posso vê-lo sem um tribunal e sem que todas as testemunhas falem durante muito tempo contra os criminosos de guerra. Quero estar neste tribunal."