Muitas aves têm ornamentos carnudos em torno de seus rostos que fazem o guarda-roupa de Lady Gaga parecer recatado. Carne extra e penas de sobra parecem ser mais comuns entre linhagens primitivas de aves, incluindo galiformes, o grupo de aves de corpo pesado, como perus selvagens, e ratitas, que inclui espécies enormes, como avestruzes e casuares. Pode ser que esses ornamentos sejam vestígios de seus predecessores de dinossauros. De fato, em 2014, pesquisadores relataram que um dinossauro com bico de pato mumificado encontrado em Alberta, Canadá, preservou tecido mole em sua cabeça, uma crista de galo. |
Isso mostrou que muitos dinossauros provavelmente tinham estruturas de exibição coloridas e carnudas, da mesma forma que as aves atuais. E, como às aves, os dinossauros provavelmente eram animais muito visuais e dependiam muito de estruturas de exibição para atrair companheiras ou assustar rivais.
Mas há algumas espécies que tem extensões difíceis de explicar. Entre eles podemos apontar com destaque um pássaro conhecido em inglês como long-wattled umbrellabird e em espanhol, na sua área nativa, nas encostas do Pacífico no sudoeste da Colômbia e no oeste do Equador, como paragüero corbatudo (Cephalopterus penduliger), provavelmente por causa do seu farto topete.
Como não existe nem vestígio deste pássaro no Brasil, recorri ao gênero Cephalopterus para inferir que o tal pássaro-guarda-chuva é o anambé-preto ou pássaro-trovão ou ainda pavão-do-mato, nativo da Amazônia brasileira. Então, por extensão, podemos chamar este pássaro de anambé-de-gravata ou anambé-papudo, devido a enorme barbela exibida pelo macho.
Anambé-preto (Cephalopterus ornatus).
As fêmeas não usam gravata e os juvenis tem uma barbela muito menor. Mas uma gravata deste tamanho não atrapalharia a ave durante o voo? Não, curiosamente eles podem recolher a barbela quando voam.
O acasalamento do anambé-de-gravata é realizado por meio de leks, onde os machos se reúnem em áreas comuns para exibição inflando sua barbela, onde são visitadas pelas fêmeas solitárias. Elas selecionam um macho com características secundárias proeminentes, como agressão e comportamento territorial e, lógico, o tamanho da gravata.
A espécie é classificada como vulnerável pela União Internacional para a Conservação da Natureza. Uma população total de 6.000-15.000 indivíduos maduros foi estimada em 2015. Acredita-se que esteja sob pressão da destruição de habitat através do desmatamento e da caça. As áreas de acasalamento com leks fáceis de localizar o tornam particularmente suscetível ao aprisionamento como pássaros de estimação. Uma vez nas gaiolas, deixam de comer e morrem por inanição.
Por sorte o anambé-papudo está presente em diversas áreas protegidas. A consolidação das reservas dispersas existentes, bem como a nomeação de várias áreas protegidas existentes como reservas da biosfera, podem ser muito benéficas para a espécie. A curadoria da composição florestal e o reflorestamento têm sido apontados como abordagens importantes.
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