Verme-bobbit, o monstro iridescente do poço

Predador de emboscada, o verme-bobbit (Eunice aphroditois) não tem olhos, mas tem cinco antenas altamente sensíveis na cabeça que são usadas para detectar a presa. O corpo, que varia de varia de menos de 10 centímetros a 3 metros é coberto por um exoesqueleto anelídeo rígido. Ele caça enterrando todo o seu corpo em sedimentos macios no fundo do oceano e esperando até que suas antenas detectem a presa, quando então ataca com suas peças bucais afiadas. As mandíbulas podem ser retraídas dentro do corpo e são responsáveis por golpear e atordoar as presas.

Ele pode atacar com tanta velocidade e força que é supostamente capaz de cortar um peixe ao meio, antes de arrastá-lo para sua toca. Normalmente, o verme-bobbit varia de roxo profundo a preto, juntamente com cores metálicas e iridescentes. Se o inferno é uma festa de terror com arco-íris brilhante, você encontrará esse cara bebendo no pub às 10h.

O maior espécime registrado atingiu 299 centímetros de comprimento, tornando-o o mais longo membro conhecido da classe dos poliquetas. Apesar desses grandes comprimentos, os vermes são esguios, com o corpo com apenas cerca de 25,5 milímetros.

Esta espécie pode ser encontrada rondando o ambiente rico em presas dos recifes de coral, onde sua coloração permite que ele se misture e seu corpo esguio permite que cace em locais apertados.

Habita uma grande variedade de outros habitats, particularmente sedimentos arenosos e lamacentos, bem como em torno de rochas e esponjas. Foi registrado em profundidades de até 95 metros.

Como a maioria da classe das poliquetas, o Eunice aphroditois é um organismo de reprodução sexuada que não possui órgãos reprodutivos externos. Durante a desova, as fêmeas produzem um feromônio que atrai os machos e os faz liberar esperma; isso, por sua vez, faz com que a fêmea libere os ovos na água, onde ocorre a fertilização. Poucos descendentes sobrevivem até a idade adulta porque, muitas vezes, os ovos são comidos por outros animais ou destruídos.

Aparentemente, cerca de 20 anos atrás, um fotógrafo subaquático pensou que o Eunice aphroditois e outras espécies do gênero eram reminiscentes o suficiente do incidente da família Bobbitt de 1993 para justificar o apelido, de acordo com um artigo de 2011 na Revista Biología Tropical.

No incidente Lorena Bobbitt cortou quase metade do pênis de seu marido John, e o verme é semelhante, disse o biólogo Sergio Salazar-Vallejo, porque as mandíbulas amplamente abertas se assemelham a tesouras, ou porque a parte exposta se assemelha a um pênis ereto, referindo-se à forma como esses vermes marinhos se enterram no fundo do mar e expõem apenas uma fração de seus corpos muito longos para a caça.

Esta explicação não faz muito sentido, visto que a arma escolhida por Lorena Bobbitt foi uma faca, não uma tesoura. Realmente não importa de onde o verme-bobbit tirou seu apelido, porque é fascinante o suficiente sem toda a mitologia da castração. Ele pode infligir uma mordida dolorosa desagradável se um humano chegar muito perto. Ele também se alimenta de algas marinhas e outras plantas marinhas e, quando a presa é escassa, procura pedaços ao redor da superfície de sua toca.