No momento em que você vê uma víbora-chifruda-com-cauda-de-aranha (Pseudocerastes urarachnoides), provavelmente será tarde demais. Pelo menos se você for um pássaro. Seu corpo manchado de bege e branco é brilhantemente camuflado contra o pano de fundo cintilante de rochas de gesso e calcário em seu habitat natural no Irã, exceto a ponta de sua cauda, que evoluiu para uma elaborada isca para pássaros incautos e inocentes. Também conhecida como cobra-aranha a espécie foi originalmente descrita apenas em 2006, devido a sua alta capacidade mimética. |
A descrição só ocorreu depois que um espécime da víbora foi encontrado nas montanhas de Zagros em 2003. Anteriormente, ela era confundida com a víbora-persa-com-chifres, que possui chifres semelhantes sobre os olhos.
Como outras víboras do gênero Pseudocerastes, as escamas acima dos olhos sobem para dar a ela uma aparência de chifres. Sua cauda única tem uma extremidade em forma de bulbo, que é cercada por longas escamas caídas que lhe dão a aparência de pernas de uma aranha, enganando os pássaros a pensar que encontraram uma refeição saborosa.
A cauda é acenada para atrair pássaros insetívoros para dentro do alcance de ataque, quando um pássaro se aproxima para bicar a aranha, a cobra está pronta para dar um bote em uma fração de segundo.
A cobra é uma mímica soberba. Os autores que a descreveram em 2006 já especularam, mesmo sem presenciar in loco, que sua cauda era usada como isca para atrair pássaros, já que uma cotovia digerida foi encontrada no estômago do espécime parátipo.
Como a maioria das víboras ela possui dentes longos e ocos que usa para injetar veneno em suas presas. O veneno pode causar sangramento, inchaço e dor intensa.
O uso real da cauda para atrair pássaros -um exemplo de atração caudal- foi confirmado em estudos de campo em 2009 e hoje existem já alguns vídeos que mostram a cauda sendo acenada em um padrão de oito. O próprio Sir David Attenborough foi até o Irã filmar a cobra para o programa "Seven Worlds, One Planet, mas o vídeo não está disponível no Brasil.
No entanto, há uma particularidade que mostra como a natureza é perfeita. Apenas as aves migratórias parecem ser enganadas pela elaborada isca da víbora, sugerindo que as aves locais podem ter aprendido o truque.
A ponta da cauda é usada como isca em várias outras espécies de cobras, geralmente víboras do deserto, mas nenhuma dessas tem as escamas alongadas únicas que lhe dão a aparência de apêndices de artrópodes.
As cascavéis têm uma cauda semelhante a um chocalho para distrair a presa, mas a víbora com chifres de cauda de aranha realmente pegou essas ideias e levou a outro nível. Apesar de parecerem semelhantes a um observador casual, a isca de aranha da víbora é formada a partir de tecido mole, enquanto os chocalhos da cascavel são criados a partir de ossos fundidos, então eles provavelmente evoluíram de forma independente.
Infelizmente esta maravilha da natureza é considerada em "perigo de extinção" na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza. A víbora-chifruda-com-cauda-de-aranha é encontrada apenas em uma pequena área no oeste do Irã. Sofre com a perda de seu habitat devido a atividades humanas como mineração, agricultura e construção de estradas. Ela necessita urgentemente de medidas de proteção para garantir sua sobrevivência.
P.S.: Este artigo foi postado originalmente em 12/06/2022 às 17:22, mas foi deslocado para a capa por ter sido atualizado com informações importantes sobre a mesma.
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