As possibilidades incluíam um festival, uma conferência científica e uma estátua. Mas o astrônomo Jiří Dušek, diretor do Observatório e Planetário de Brno, questionou se o fundador da genética já havia sido submetido a algum teste genético.
- "Então esse foi o começo", disse Šárka Pospíšilová, geneticista que também é vice-reitora de pesquisa da Universidade Masaryk em Brno.
A princípio, ela diz que a ideia de analisar os genes de Mendel parecia "louca". Ainda assim, Šárka consultou diferentes especialistas da universidade para perguntar o que seria possível.
- "Perguntei aos antropólogos que tinham experiência com análise de restos mortais de várias personalidades históricas", lembrou ela. Ela também consultou arqueólogos.
Exumar Mendel de seu túmulo em Brno e realizar testes genéticos em seus restos mortais acabou sendo um projeto factível, contanto que eles pudessem obter permissão dos agostinianos. Essa é a ordem religiosa à qual Mendel pertencia e com a qual ele permanece: pensava-se que a tumba agostiniana no cemitério central da cidade continha o corpo de Mendel.
Os líderes religiosos locais consultaram os agostinianos em Praga, seu bispo e, finalmente, os agostinianos em Roma. Eventualmente, a permissão foi concedida.
Filip Pardy, um biólogo molecular da equipe de pesquisa, sentiu que um grande senso de responsabilidade vinha de fazer parte desse esforço.
- "Gregor Mendel é uma pessoa que é ensinada no primeiro curso de genética da universidade", disse Filip. - "Todo mundo sente que ele é muito importante, especialmente aqui em Brno. Ele é uma espécie de modelo... que esteve no início de tudo o que fazemos."
Mendel estava à frente de seu tempo na maneira como usou a matemática para estudar padrões de herança em plantas de ervilha ao olhar para coisas como cor da flor e altura da planta, diz Filip.
- "Ele analisou um conjunto de cerca de 25.000 plantas para realmente acertar seus números e criar as fórmulas", disse o biólogo. - "E, nesse sentido, ele também foi um tipo de visionário e um passo à frente."
Os experimentos de Mendel com plantas foram conhecidos e respeitados durante sua vida, mas sua fama realmente decolou depois de 1900, quando os geneticistas redescobriram seu trabalho e perceberam suas implicações.
- "Ninguém na época, incluindo Mendel, creio eu, suspeitava que seu trabalho seria tão inovador em termos de ser uma importante teoria científica", disse Daniel Fairbanks, geneticista de plantas e autor de um livro chamado "Gregor Mendel: His Life and Legacy".
A escavação da tumba de Mendel revelou cinco caixões, empilhados um em cima do outro. Isso foi uma surpresa, visto que a lápide da tumba tinha os nomes de apenas quatro irmãos agostinianos.
O caixão de Mendel parecia ser o de metal no fundo. Estava forrado com alguns jornais datados de pouco antes de sua morte, o que parecia bastante conclusivo. Ainda assim, Filip disse que eles queriam evidências ainda melhores de que este caixão continha os restos mortais de Mendel.
- "Na verdade, tivemos a ideia de examinar seus pertences pessoais porque sabíamos que precisávamos de algum material de referência para confirmar sua identidade", disse Filip.
Curadores de museus locais permitem que eles esfreguem itens como os microscópios de Mendel, seus óculos, registros escritos de suas medições meteorológicas e uma cigarreira. A equipe também procurou cuidadosamente nos livros favoritos de Mendel e, em um livro sobre astronomia, encontrou um fio de cabelo.
Ao olhar para o DNA de tudo isso e compará-lo com o DNA do esqueleto, eles tiveram certeza de que haviam encontrado o corpo de Mendel.
O sequenciamento de seu DNA revelou variantes genéticas ligadas a diabetes, problemas cardíacos e doenças renais. A variante que mais intrigou Daniel estava em um gene associado à epilepsia e a problemas neurológicos.
- "Ele sofreu ao longo de sua vida de algum tipo de distúrbio psicológico ou neurológico que o levou a ter colapsos nervosos muito graves", disse Daniel. - "Isso pode muito bem ter sido uma condição hereditária, e essa foi uma descoberta fascinante que esses cientistas fizeram."
Daniel pensou em como Mendel se sentiria ao ser perturbado em seu túmulo para satisfazer a curiosidade dos cientistas de hoje.
- "Tendo a pensar, pelo que sei sobre ele, que ele pode ter ficado muito feliz com isso", disse Daniel. - "Mas é claro que não podemos perguntar diretamente a ele."
Šárka também se inclina para essa teoria.
- "Acreditamos que ele ficaria feliz. Sabemos que ele estava muito entusiasmado com todos os tipos de pesquisa", diz ela, observando que pouco antes de morrer, Mendel solicitou que uma extensa autópsia fosse feita. - "Ele não era contra a pesquisa em seu próprio corpo", diz ela.
Embora Mendel não soubesse nada sobre o DNA ou o papel que ele desempenhava nos padrões de herança que ele observava tão de perto, com toda a probabilidade ele não se importaria de fazer parte da pesquisa, mesmo depois de sua morte.
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig ID: c048e5ac-0172-45ed-b26a-910f9f4b1d0a
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários