Esta administração do veneno possui efeitos laxativos, geralmente causando fortes náuseas, vômitos e diarreia, e podendo causar inclusive a morte. Não há evidência científica sólida de ser tratamento eficaz para nenhuma condição médica.
A kambô secreta a substância como um mecanismo de defesa para matar ou subjugar os animais que tentam comê-la ou quando está estressada. O veneno é coletado e usado supostamente como revigorante e estimulante para caça por grupos indígenas do sudoeste amazônico.
Segundo as tradições dos povos indígenas, o ritual da vacina-do-sapo visa acabar com a má sorte na pesca e na caça e também para acabar a "panema", o estado de espírito negativo que causa doenças. Em anos recentes também passou a ser usada nos centros urbanos, sobretudo pelas elites do bem-estar, onde os praticantes de naturopatia usam o ritual para limpar o corpo de toxinas, além de tratar inúmeras condições de saúde.
Apesar da falta de pesquisa, como costuma acontecer com estes tratamentos malucos, os defensores do kambô acreditam que ele é uma panaceia para todos os males, desde Alzheimer e câncer, até hepatite e reumatismo.
A primeira parte do processo envolve beber cerca de um litro de água ou sopa de mandioca. Em seguida, o praticante usa uma vara em brasa para criar uma série de pequenas queimaduras na pele, resultando em bolhas. A pele com bolhas é então raspada e o kambô é aplicado nas feridas.
Da ferida, o kambo entra no sistema linfático e na corrente sanguínea, onde, dizem, corre pelo corpo procurando por problemas. Isso geralmente resulta em alguns efeitos colaterais imediatos, especialmente náusea, vômitos, diarreia, incontinência urinária, palpitações e tonturas entre outras.
Assim que esses efeitos começarem a desaparecer, a pessoa deve tomar água ou chá para ajudar a eliminar as toxinas e se reidratar. Tradicionalmente, a vacina-do-sapo kambo era administrado na área dos ombros. Os praticantes modernos costumam administrá-lo nos chakras, os tais pontos de energia do corpo.
Embora existam muitas pessoas que relataram bons resultados depois de fazer uma cerimônia de kambo, não há muitas evidências científicas para apoiar essas afirmações. Os especialistas estudam o kambo há anos e documentam alguns de seus efeitos, como a estimulação das células cerebrais e a dilatação dos vasos sanguíneos. Mas nenhuma das pesquisas existentes apóia as alegações de saúde em torno dele.
Na década de 1980, Vittorio Erspamer, o químico e farmacologista italiano conhecido por suas pesquisas sobre a serotonina, foi um dos cientistas que identificou "um complexo coquetel de peptídeos biologicamente ativos com atividades antimicrobianas, hormonais e neurológicas" em pererecas do gênero Phyllomedusa, segundo levantamento acadêmico sobre o potencial medicinal desses anfíbios realizado por professores brasileiros em 2010.
Especialistas em saúde aconselharam extrema cautela e disseram que estudos mais rigorosos são necessários. Tais advertências, no entanto, não impediram que influencers do bem-estar se curvassem aos poderes da perereca.
O kambô agora está incluído no cardápio dos retiros de ayahuasca na Costa Rica e no México, como uma espécie de aperitivo purificador. A Associação Internacional de Praticantes de Kambo -sim, existe-, uma organização sem fins lucrativos na Holanda, certificou mais de 400 praticantes desde a sua fundação em 2014, de acordo com seu site.
Os influencers do Vale do Silício tornaram-se cada vez mais interessado na vacina-do-sapo para tratar uma série de doenças físicas e mentais, embora, como dissemos antes, não haja evidências científicas sólidas que apóiem quaisquer reivindicações.
Ao contrário de outras drogas venenosas, o kambô é psicodélico, ou seja, não deixa ninguém chapado. Supostamente ele apenas faz pessoa lamentar estar viva por até uma hora. Muitos insistem que a limpeza extrema também pode torná-los melhores em seus trabalhos, por isso está alcançando rapidamente o mundo da tecnologia.
A vacina-do-sapo é proibida no Brasil desde 2004 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), em função da identificação das substâncias contidas na secreção da kambô como potencialmente venenosas, podendo levar ao óbito de pessoas saudáveis por overdose ou imunologicamente susceptíveis por anafilaxia.
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