Você, eu, os lêmures nas árvores, as cobras no deserto e as lulas nas profundezas do mar, todos nós começamos como uma única célula. Desde a maior criatura que já existiu, a baleia azul, até o menor mamífero, o musaranho-pigmeu, cada um de nós pode rebobinar nossa existência até o mesmo fundamento humilde. Surpreendentemente, o fotógrafo e cinegrafista Jan van IJken capturou esses primeiros momentos fugazes. |
Usando uma combinação de fotografia com time-lapse e gravação de vídeo, ele os moldou em um poderoso filme chamado "Becoming".
- "Minha ideia era filmar a origem da vida, o início real da vida", disse Jan. - "Então comecei a pesquisar e descobri que os ovos de rã e salamandra são totalmente transparentes."
A partir daí, ele se uniu a um criador de anfíbios que mantinha uma vigilância extra em uma população cativa de tritões-alpinos (Mesotriton alpestris), que são um tipo de salamandra. Quando uma fêmea colocava uma ninhada de ovos e um macho a fertilizava, o criador chamava Jan, que então corria e começava a filmar através de um microscópio.
- "Foi bastante complicado, porque eu queria capturar a primeira clivagem", diz ele, referindo-se à fração de segundo em que a única célula original de um organismo se divide pela primeira vez.
Frequentemente, Jan chegava, às vezes, tarde demais. Ou um time-lapse de vários dias era arruinado porque os desenvolvimentos que ele esperava captar estavam acontecendo no lado oposto do embrião, fora de vista. Ou estava no lado certo, mas a iluminação estava deficitária ou a foto fora de foco.
Após mais de seis meses de filmagem e inúmeros ajustes, Jan foi capaz de reduzir o que levaria cerca de quatro semanas na natureza para apenas seis minutos de beleza sobrenatural.
Após cerca de três dias de desenvolvimento -e em torno da marca de um minuto no vídeo-, o embrião da salamandra começa a se enrugar e se dobrar. Isso é conhecido como formação do blastóporo.
Esse é um processo essencial para os vertebrados, chamado de gastrulação. É aqui que seu tubo intestinal vai começar a se formar. Então, o que estamos vendo ali é o possível ânus dessa salamandra.
Mais 45 segundos de filme e você pode ver a placa neural saindo do embrião. Em pouco tempo, essa crista em rápida formação incluirá o início do sistema nervoso. Parece que é nesse ponto que você pode começar a imaginar que isso realmente será uma criatura viva.
Na linha do tempo de dois minutos e 20 segundos no vídeo, ou cerca de cinco dias de desenvolvimento, vemos a passagem de células individuais migrando pela superfície da salamandra. Cada uma está recebendo sugestões dos projetos genéticos dentro dela, bem como sinais das células vizinhas para determinar que tipo de tecido se tornará.
No quarto minuto, um coração batendo e células sanguíneas fluindo entram em foco hipnotizante.
Enquanto o filme parece mostrar o desenvolvimento de uma única salamandra, Jan diz que na verdade teve que observar muitos, muitos indivíduos diferentes para criar o produto final. Em parte, isso tinha a ver com o tempo e a sorte -tirar a foto no momento certo-, mas também porque nem todo anfíbio passa do ovo à larva.
É a mesma coisa na natureza. E mesmo sob condições de laboratório perfeitas, às vezes os embriões simplesmente param de se desenvolver. Assim a fragilidade da vida também transparece neste vídeo, porque este embrião é apenas exposto ao mundo e a todas as coisas que fazemos ao mundo.
É um lembrete para os humanos de que, desde os produtos químicos que emitimos no ar e despejamos nos riachos até o lixo que não selecionamos no fim do dia, provocamos um impacto em inúmeras pequenas vidas ao nosso redor, embora nunca possamos notá-los.
Curiosamente a maioria dos Mesotritons segue uma trilha tortuosa pelos seus ciclos de vida, geralmente, com a pontualidade de um reloginho. Trocam suas camadas de guelras por pulmões, rastejam para a terra e de forma gradual adotam uma dieta de insetos antes da chegada do seu primeiro inverno.
Contudo, a cada geração, um número cada vez maior de tritões-alpinos opta simplesmente por não deixar a água. A vida parece boa na lagoa e eles mantêm suas adaptações aquáticas e continuam a crescer, embora permaneçam basicamente como larvas, chamados de pedomorfos, adiando a metamorfose por meses, anos ou até mesmo pela vida toda, mas ainda podem se reproduzir.
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig ID: c048e5ac-0172-45ed-b26a-910f9f4b1d0a
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários