As rãs-touro-africanas lutam ferozmente pelo centro da lagoa

Rã-touro é um termo comum da língua portuguesa para se referir a rãs grandes e agressivas, independentemente das espécies, que são variadas. No inglês, bullfrog, a coisa é ainda mais confusa porque frog pode designar tanto rã quanto sapo. A denominação rã-touro-africana também não quer dizer nada pois existem ao menos 5 espécies de pixicefalídeos no continente. No entanto a rã-touro por mérito próprio é a (Pyxicephalus adspersus), também chamada rã-touro-gigante, nativa da África do Sul, Angola, Botsuana, Quênia, Malawi, Moçambique, Namíbia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue.

Só para entender o tamanho deste bicho, ele é quatro vezes maior que a nossa rã-pimenta, podendo alcançar até 2,5 quilos, enquanto a pimenta não supera as 600 gramas. Ele podem alcançar até 26 centímetros de comprimento, mas as fêmeas são bem menores e tem metade do tamanho dos machos. É a maior rã do mundo e está entre os maiores anuros do planeta, perdendo apenas para o sapo-golias, o sapo-do-rio-Blyth e o sapo-cururu.

A rã-touro-gigante não é apenas grande, senão que é um carnívoro voraz, comendo insetos, outros invertebrados, pequenos roedores, répteis, pequenos pássaros, peixes e outros anfíbios. Também é uma espécie canibal: o macho é conhecido por ocasionalmente fazer um lanchinho com os girinos que ele guarda.

Em um caso famoso e notório, ocorrido em 1976, uma rã-touro-africana mantida no Zoológico de Pretória, na África do Sul, comeu 17 jovens najas-cuspideiras. Ela também pode voluntariamente "morder" humanos quando se sentem provocadas ou manuseadas, utilizando as estruturas ósseas odontoides que tem na boca. Os odontoides não são dentes para mastigação, senão para prender as presas ou atacar outros machos.

A rã-touro-gigante não é apenas grande e gulosa, senão que extremamente agressiva. Os machos competem pelo domínio de seu lek ou território para procriação ocupando o centro da lagoa, e lutam para manter um lugar ali, causando ferimentos ou até mesmo matando uns aos outros.

Suas chamadas atrairão as fêmeas, mas elas terão que chegar ao centro se quiserem encontrar os machos mais fortes. Então, se um macho vai acasalar, é onde ele precisa estar. Isso funciona porque as fêmeas mergulham para evitar os machos menores e afloram na área defendida pelo macho maior no meio do grupo. Isso ajuda a garantir que ela acasale com o macho dominante.

A rã-touro-africana é um animal de estimação exótico em diversos países e nenhuma legislação torna sua posse como ilegal. Tais anuros não costumam enfrentar dificuldades reprodutivas em cativeiro. Sua vida, longe da seleção natural, costuma perdurar por até 35 anos.