Cientistas ensinaram papagaios de estimação a fazer chamadas de vídeo entre si, e eles adoraram

Ser um papagaio de estimação pode ter algumas vantagens, mas possivelmente em uma escala as desvantagens vencem. De acordo com uma pesquisa nacional de donos de animais de estimação, o número de papagaios criados como animais de estimação por famílias nos Estados Unidos chegou a 20,6 milhões, em 2017. Se levarmos em conta que os psitacídeos são altamente sociais e na natureza vivem em bandos, é possível inferir que todos os papagaios domésticos se sentem solitários em algum momento. Novas pesquisas sugerem que essas criaturas tagarelas também podem se beneficiar da conexão virtual com seus pares.

E o primeiro passo que deram é, no mínimo, fascinante. Eles estabeleceram chamadas de vídeo entre papagaios que lhes permitem fazer amigos e satisfazer suas necessidades sociais.

O trabalho, que envolvia dar aos pássaros um tablet que eles poderiam usar para fazer videochamadas, descobriu que eles começaram a se envolver em comportamentos cada vez mais sociais, como se arrumar, cantar e brincar. Os papagaios puderam escolher qual "amigo" chamar em um tablet com tela sensível ao toque, e o estudo revelou que os papagaios que chamavam outros pássaros com mais frequência eram as escolhas mais populares.

- "As videochamadas ajudaram muitas pessoas a se sentirem menos isoladas durante a pandemia", explicou a pesquisadora Ilyena Hirskyj-Douglas, da Universidade de Glasgow e coautora da pesquisa. - "Existem 20 milhões de papagaios que vivem nas casas das pessoas nos Estados Unidos, e queríamos explorar se essas aves também poderiam se beneficiar com as videochamadas. Se dermos a eles a oportunidade de chamar outros papagaios, eles escolheriam fazê-lo e a experiência beneficiaria os papagaios e seus tratadores?"

Para realizar o trabalho, eles estudaram mais de 1.000 horas de filmagem de 18 psitacídeos domésticos, um trabalho que confirmou que houve benefícios para as aves. Especialistas dizem que, na natureza, muitas espécies de papagaios vivem em grandes bandos, mas como animais de estimação tendem a ficar sozinhos ou em pequenos grupos.

O isolamento e o tédio podem fazer com que as aves desenvolvam problemas psicológicos, que podem se manifestar como balançar, andar de um lado para o outro ou comportamentos autolesivos, como arrancar penas. Portanto, eles sugeriram que as videochamadas poderiam replicar alguns dos benefícios sociais de viver em grupo .

A primeira coisa que fizeram foi recrutar papagaios do Parrot Kindergarten, um programa educacional e de treinamento on-line para psitacídeos e seus donos. Os papagaios primeiro aprenderam a tocar um sino e depois tocar na foto de outro pássaro na tela de um tablet para acionar uma chamada para aquele pássaro, com a ajuda de seus donos.

O estudo explica que, no total, as aves fizeram 147 chamadas deliberadas umas para as outras durante o estudo, enquanto os proprietários faziam anotações detalhadas sobre o comportamento das aves e os pesquisadores posteriormente revisavam o vídeo.

- "Os papagaios pareciam estar cientes de que estavam interagindo com outras aves porque seu comportamento refletia o que foi observado durante as interações da vida real", disse Jennifer Cunha, da Universidade do Nordeste, em Boston, e cofundadora do Parrot Kindergarten. - "Todos os participantes do estudo disseram que valorizam a experiência e gostariam de continuar usando o sistema com seus psitacídeos no futuro."

No geral, a equipe descobriu que a maioria das aves (78%) reagiu à presença de outra na tela, com papagaios reagindo de maneira diferente dependendo de qual ave estava do outro lado da linha. Além disso, quanto mais chamadas os papagaios recebiam, mais chamadas eles faziam e maior era a probabilidade de ficarem ocupados durante as chamadas iniciadas.

O artigo conclui que os resultados foram realmente encorajadores e que estudos como este ajudarão a aprender como eles se parecem e como sistemas melhores podem ser construídos nos próximos anos, bem como desenvolver estruturas éticas sólidas para o físico, mental e emocional bem-estar dos animais, que não se concentram em cuidadores humanos.