Mexilhões e peixes de água doce: um caso de amor atemporal

Sob a superfície da água, embutidos no fundo dos rios, escondidos em estuários e confundidos com rochas, espreitam os engenheiros invisíveis de ecossistemas aquáticos. Ao longo de hidrovias, dos rios urbanos aos córregos, inúmeros mexilhões de água doce, também conhecidos como mexilhões-cisne, estão limpando a água, retirando o lixo e estabilizando toda a comunidade aquática. Mas isso não é tudo! Esses bivalves milagrosos também estão envolvidos em um caso de amor dramático e antigo com seus vizinhos aquáticos mais conhecidos: os peixes.

Via: Ryan Hagerty - Domínio público

A reprodução bem-sucedida do mexilhão requer mais do que apenas um macho e uma fêmea. Eles precisam de um terceiro parceiro para completar seu ciclo. Quando os mexilhões machos liberam esperma, as fêmeas próximas o filtram da água. Elas então "criam" seus ovos fertilizados, ou larvas, em câmaras de incubação especializadas por vários meses.

Assim que as larvas estiverem prontas para entrar no próximo estágio da vida, a mágica realmente começa! Para completar sua metamorfose de larvas a mexilhões juvenis, eles precisam de uma ajudinha de um hospedeiro suspeito.

Para atrair as espécies certas de peixes, as fêmeas dão um show, e as atuações são impecáveis! Às vezes, como uma dançarina improvisada, ela ondula e acena na água, disfarçando-se de peixinho, inseto aquático ou talvez lagostim para atrair e cativar os predadores próximos. Quando o peixe faminto se aproxima, a fêmea expele suas larvas de forma explosiva no peixe. Outras vezes, as fêmeas desempenham o papel de pescadores experientes, lançando iscas e criando redes para capturar suas presas. Os peixes atacam as iscas flutuantes ou nadam para as redes flutuantes de larvas.

As larvas do mexilhão, chamadas gloquídios, geralmente se prendem às brânquias dos peixes, mas também podem se prender a caudas ou barbatanas, onde completarão sua próxima transformação. Por várias semanas, as larvas do mexilhão cavalgam inofensivamente sobre os peixes enquanto eles nadam fazendo lá suas coisas de peixe. Eventualmente, quando metamorfose está completa, eles caem no fundo do rio como um mexilhão.

Via: Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA - Domínio público

Sem essa adaptação única, os bancos de mexilhões migrariam naturalmente para jusante com o fluxo do rio. Ao pegar carona nas brânquias, barbatanas ou caudas de um peixe, os mexilhões desenvolveram uma maneira de mover ativamente as futuras gerações de mexilhões rio acima ou simplesmente permanecer no rio.

Os peixes também se beneficiam do relacionamento. Alguns peixes depositam seus ovos dentro das conchas e cavidades branquiais de mexilhões vivos de água doce, e os peixes também podem ganhar alguma imunidade ao estresse depois de servir como hospedeiro para larvas de mexilhões de água doce.

Infelizmente mais de 70% de todas as espécies de mexilhões de água doce estão em declínio, 7% estão extintas, 21% estão listadas como ameaçadas de extinção e outras 40% estão listadas como ameaçadas. A perda de qualquer uma dessas espécies certamente terá consequências no funcionamento do ecossistema aquático.

Os mexilhões de água doce são um dos maiores sistemas naturais de filtragem da natureza. Eles não apenas estabilizam os ecossistemas aquáticos, mas também protegem e melhoram continuamente a qualidade da água. Um único mexilhão de água doce pode filtrar de 15 a 30 litros de água por dia, 365 dias por ano.

Embora os mexilhões tenham incríveis habilidades de bombeamento e engenharia, eles têm seus limites. As ameaças aos mexilhões de água doce incluem a modificação de rios e córregos, obstáculos que impedem a migração de seus peixes hospedeiros, excesso de sedimentação, contaminação de práticas industriais e agrícolas herdadas e a disseminação de espécies invasoras como a praga do mexilhão-zebra.