Embora eu não tenha perfil no TikTok, e jamais vou ter, meus amigos têm e costumam me enviar vídeos postados lá. Além do compartilhamento de métodos fraudulentos, incluindo conselhos sobre como obter e usar informações roubadas de cartões de crédito, com a hashtag #methods, alguns dos vídeos recentes são de pessoas mais jovens falando mal da Geração X. Esta molecada não sabe que aqueles de nós nascidos entre meados dos anos 60 e início dos 80, somos a verdadeira raça de "criança raiz", que comia terra e brincava ao ar livre sem capacete e descalço sem medo de ser feliz. |
Feridas de tombos de carrinhos de rolimãs descendo a pirambeira eram sanados com merthiolate fabricado no inferno, seguidos de um ou dois tapões na bunda. Ostentávamos orgulhosos aquelas "mortadelas" nos joelhos e cotovelos e disputávamos quem tinha a maior cicatriz.
Não havia frutas no mercado e vivíamos empoleirados nas árvores frutíferas mais esquisitas, como ingazeiros, nespereiras, bananeira de macaco, cagaiteira, mamiqueira-de-cadela, cambuciqueira, cajueiros, entre outras com frutos realmente desgostosos, que eram uma verdadeira delícia. Ninguém era intolerável a lactose depois de tomar uma canecão de leite quente, tirado na hora, com groselha.
A internet não existia, então se falássemos besteiras ou mentiras acabávamos "saindo na porrada". Não nos ofendíamos facilmente porque nossos pais nos disseram para "engagar" quando crianças. Se reclamássemos, levávamos mais um ou dois tapões na bunda.
Nossos pais nunca precisaram nos comprar com presentes ou suplicar para que não fizéssemos algo de errado ou desrespeitoso. Bastava um olhar 43 seguido do nosso nome completo ditado e a birra era curada como um bálsamo. Virávamos cordeirinhos. E se não obedecêssemos tínhamos aula de silabação.
- "Quan-tas-ve-zes-eu-dis-se-pa-ra-que-vo-cê-não-fi-zes-se-is-so-Lu-is-Clau-di-o", onde cada sílaba era um tapão na bunda.
Desde cedo aprendemos que a vida não é justa e que é preciso um certo grau de dureza para sobreviver. Fomos os últimos filhos da chave de trinco e das taramelas, ouvíamos nossos pais e tínhamos tarefas diárias sem reclamar. Na escola, os professores eram a extensão dos pais e escrevíamos em letra cursiva. Não tínhamos muitos brinquedos, mas os poucos eram um pouco esquisitos porque a indústria na época não era muito inclinada à qualidade.
Um antigo comercial de 1966, que voltou a circular on-line, é bizarro o bastante para assustar a geração nutella. O comercial é de uma boneca chamada "Bebê Segredo" da Mattel e vem causando pesadelos na geração leite com pera. A boneca move seus lábios e sussurra frases como "Meu nome é bebê segredo, "Eu gosto de dormir com você", "Eu gosto de sussurrar no escuro", "Ouça... O que é isso?", "Alguém mais está acordado?" ou "Tenho um segredo para contar para você."
Esses brinquedos podem se tornar gatilhos de terror para a geração atual mas não passam de humor para os demais, ainda que o comercial tenha ganhado uma reputação um tanto estranha ao longo dos anos. Embora o conceito de uma boneca sussurrando e falando possa ter sido intrigante para as crianças, algumas pessoas acham a voz mecânica e os movimentos da boneca perturbadores. A combinação das frases repetitivas da boneca e sua aparência um tanto antinatural contribuíram para a percepção dela como estranha ou até assustadora.
Hoje as "Bebês Segredo" sussurrantes, além de evocar uma sensação de desconforto e de "vale da estranheza, ao emular comportamentos semelhantes aos humanos, se tornaram objeto de desejo de colecionadores. Uma remanescente funcional da boneca, que em seu tempo não devia custar mais que 300 reais, foi leiloada em 2019 por mais de 7 mil reais.
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Comentários
Olha...eu sou da geração dos anos 80, mas mesmo assim tenho muito medo de boneca...e na verdade eu não culpa a geração que tem, porque os meios de comunicação hoje, influenciam muito pra isso...como filmes envolvendo bonecas e palhaços o que nas gerações passadas por ex, não tinham.