Dias atrás falávamos como os pesquisadores estão quebrando cabeça para resolver o problema do plástico. Um dos projetos mais promissores trabalha com a Ideonella sakaiensis, uma bactéria que contém duas enzimas capazes de quebrar lentamente os polímeros PET a temperaturas relativamente baixas, mas hoje apenas uma pequena fração dos resíduos plásticos pode ser biologicamente degradada por estas enzimas. Um outro estudo "esquisito" quer resolver dois problemas com uma cajadada só: o do plástico e da fome no mundo. Como? Alimentos feitos de plástico. Sério! |
A ideia do projeto BioPROTEIN da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa dos EUA (DARPA) não é que comamos diretamente o plástico. Tudo decorre de evidências científicas de que um grande número de bactérias na natureza são capazes de limpar derramamentos de óleo. Isso fez com que os pesquisadores se perguntassem se esses microrganismos também poderiam aguçar o apetite com o plástico. Ou melhor: transformar plástico em comida. Dessa forma, os humanos não comeriam plástico diretamente, mas sim as células produzidas quando as bactérias se alimentam dele.
Seja lá como for, talvez não precisemos comer saliva de bactéria em um futuro próximo (Toc! Toc! Toc!), porque a revista científica Nature Comunications acaba de publicar um estudo que coloca luz no final do túnel do problema desta verdadeira bagunça que aprontamos com o plástico.
Uma pesquisadora estava cuidando de suas colméias amadoras um dia quando notou algo estranho. Ela havia removido um monte de larva-da-cera (Galleria mellonella), que vivem em colméias e se alimentam dos favos de cera, e as colocou em um saco plástico de lixo. Estranhamente, no outro dia, ela notou que o saco estava cheio de buracos.
- "Descobrimos que elas não apenas mastigaram, senão que degradaram quimicamente o plástico, então esse foi o começo da história", lembra Federica Bertocchini, do Centro de Pesquisa Biológica de Madri.
Acontece que as larvas desta mariposa têm enzimas poderosas em sua saliva que podem degradar rapidamente o polietileno, em temperaturas ambientes, diferente do caso da Ideonella sakaiensis, onde a temperatura do plástico precisa ser um pouco elevada, degradando a enzima junto.
Os pesquisadores investigaram o fenômeno e descobriram 200 proteínas na saliva das larvas. Destes, duas enzimas parecem ser os agentes que quebram o polietileno.
A reciclagem de plástico envolve a quebra de cadeias de polímeros, um processo difícil que geralmente requer calor. No entanto, essas enzimas de vermes funcionam à temperatura ambiente e perfuram sacos plásticos em apenas algumas horas.
- "Este estudo sugere que a saliva do inseto pode ser um depósito de enzimas degradantes que podem revolucionar o campo da biorremediação", afirmam os pesquisadores. Eles estão esperançosos de que as enzimas possam ser sintetizadas de maneiras acessíveis e produzidas em massa.
Algum dia, kits caseiros para desintegrar plástico também podem ser viáveis. Uma vez decomposto, o plástico degradado pode ser reconstituído e reciclado para outros usos, talvez até como comida... não, definitivamente não.
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