Estima-se que existam mais de um bilhão de veículos de passageiros no mundo. Imagine a quantidade de pneus que eventualmente serão descartados. Só no Brasil, estima-se que 450 mil toneladas de pneus são descartados todos os anos. Onde você acha que esses pneus vão parar? No nosso país sabemos mais ou menos o destino destes pneus. Sétimo produtor mundial de pneus de automóveis e quinto nos modelos para caminhões, o Brasil vendeu mais de 53,8 milhões de unidades somente em 2022, mas o relatório ambiental sobre pneus do IBAMA aponta que 461 mil toneladas de pneus em 2021 tiveram como destino a reciclagem. |
Nosso país é referência na reciclagem de pneus e por meio da logística reversa, que reúne todos os integrantes da cadeia, o setor coleta pneus inservíveis em mais de 1.400 municípios do país. A maior parte desses pneus tem como destino as empresas de cimento.
Esses pneus são coprocessados em uma tecnologia que consiste na utilização dos resíduos de pneus inservíveis como substitutos de combustível e matérias-primas não-renováveis usadas na fabricação do cimento, tais como calcário, argila e minério de ferro.
Com o tamanho, o volume e a durabilidade inerente dos pneus, livrar-se deles não é tarefa fácil. Felizmente, a reciclagem de pneus registrou melhorias substanciais nos últimos anos graças a essas tecnologias inovadoras.
Na Nigéria, por exemplo, um país fortemente dependente das receitas provenientes das suas exportações de petróleo, a empresária Ifedolapo Runsewe identificou outro tipo de ouro negro: os pneus usados. Ela criou uma empresa chamada a Freee Recycle, uma unidade industrial dedicada à transformação de pneus velhos em tijolos de pavimentação, ladrilhos e outros produtos muito procurados no país mais populoso da África.
- "Criar algo novo a partir de algo que de outra forma estaria em algum lugar como lixo era parte da motivação", disse Runsewe em sua fábrica na cidade de Ibadan, no sudoeste da Nigéria.
Ela conseguiu criar toda uma cadeia de valor em torno dos pneus. A gestão de resíduos na Nigéria é, na melhor das hipóteses, irregular. Nas aldeias, vilas e cidades, as pilhas de lixo são comuns e os residentes muitas vezes queimam-nas à noite por falta de um método mais seguro de eliminação. Os pneus são rotineiramente descartados e abandonados.
A Freee depende de catadores que coletam pneus velhos em lixões. Eles recebem de 70 a 100 nairas (0,87 a 1,23 real) por pneu. Alguns pneus também são fornecidos diretamente por mecânicos, que estão encantados por ter encontrado um lugar onde podem ganhar algum dinheiro com pneus velhos.
A Freee iniciou suas operações em 2020 com apenas quatro funcionários, e o crescimento foi tão rápido que a força de trabalho saltou para mais de 128. Até agora, quase 1 milhão de pneus foram reciclados em tudo, desde lombadas até pavimentação macia para playgrounds.
Produzimos quase 2 mil milhões de pneus todos os anos, enquanto os velhos continuam a acumular-se. Eles podem atuar como criadouros de mosquitos e causar incêndios difíceis de apagar. Alguns países reciclam a maioria deles, e todos nós deveríamos pensar em fazer o mesmo dando um destino apropriado para pneus velhos. Esses pneus podem ser usados como plantador em seu quintal, mas se você não consegue pensar em uma maneira de reciclar, pode levá-los a um revendedor local de pneus ou entrar em contato com o escritório de gerenciamento de resíduos de sua cidade.
Ademais, pneus descartados de qualquer forma, são basicamente os locais perfeitos para os mosquitos depositarem ovos em água estagnada, que os pneus são excepcionalmente bons em reter. Eles nunca drenam. Além disso, são surpreendentemente difíceis de esvaziar: devido ao seu formato, a água simplesmente flui para o outro lado e permanece no pneu quando você tenta despejá-la.
As pessoas às vezes amontoam pneus em seus quintais, e eles são como fábricas de criação de mosquitos. Aqui no Brasil temos doenças como o vírus da dengue, que são suficientemente graves. Só para que se tenha uma ideia dados atualizados da Diretoria de Vigilância Epidemiológica, da Secretaria de Estado da Saúde, mostram que Joinville, a cidade em que vivo, está atualmente com 6.290 focos de larvas do mosquito -muitos deles encontrados em pneus descartados-, 5.920 casos confirmados e oito óbitos registrados em decorrência de dengue só em 2023.
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