Mais de 100 botos foram encontrados mortos no rio Amazonas na última semana, em meio a uma seca severa e temperaturas da água recordes. As condições em que os animais foram encontrados suscitaram receios de que o aumento da temperatura global possa estar ultrapassando o limiar de tolerância para espécies vulneráveis. As carcaças dos animais apareceram no Lago Tefé, afluente do Rio Amazonas, ao lado de milhares de peixes mortos. Especialistas acreditam que os baixos níveis dos rios, somados às insuportáveis temperaturas da água, contribuíram para a morte dos golfinhos. |
- "Ainda é cedo para determinar a causa deste evento extremo, mas segundo nossos especialistas, certamente está ligado ao período de seca e às altas temperaturas no Lago Tefé, em que alguns pontos ultrapassam os 39 graus Celsius", disse André Coelho pesquisador do Instituto Mamirauá, um centro de pesquisa financiado pelo Ministério da Ciência. Isso é mais do que 10 graus acima da média para esta época do ano.
No entanto, os especialistas têm de descartar uma infecção bacteriana ou contaminação por esgoto antes de resgatar os golfinhos sobreviventes e movê-los para águas mais frias.
- "Transferir botos para outros rios não é tão seguro porque é importante verificar se há toxinas ou vírus antes de soltar os animais na natureza", disse André
Duas espécies de botos habitam na região, o cor-de-rosa ou o cinza. Cientistas que desceram ao lago para recuperar os cadáveres notaram que cerca de oito em cada 10 carcaças são de botos-cor-de-rosa, o que pode representar 10% de sua população estimada no Lago Tefé.
- "Dez por cento é um percentual de perda muito alto, e a possibilidade de que aumente pode ameaçar a sobrevivência da espécie no Lago Tefé", disse a pesquisadora Miriam Marmontel.
- "O último mês em Tefé pareceu um cenário de ficção científica de mudança climática", disse Daniel Tregidgo, um pesquisador britânico que vive na área. - "Saber que alguém morreu é triste, mas ver pilhas de carcaças, sabendo que esta seca matou mais de 100 animais, é uma tragédia."
A União Internacional para a Conservação da Natureza classifica os botos como ameaçados de extinção e restam apenas seis espécies de golfinhos fluviais no mundo.
Os efeitos da seca também são sentidos pelas populações que vivem às margens do rio. O nível do rio Amazonas caiu 30 centímetros a cada dia nas últimas duas semanas. Dado que a maioria dos alimentos e combustíveis são transportados por barco, existe a preocupação de que isso possa aumentar os preços e causar insegurança alimentar. A seca também impactou a pesca, atividade que fornece alimento e renda para muitas famílias da região.
A Amazônia é historicamente conhecida por sua biodiversidade, pois abriga 20% de todas as espécies de vida selvagem que conhecemos. Infelizmente, parece agora estar na primeira linha dos efeitos do aquecimento global, que afeta tanto espécies ameaçadas como comunidades vulneráveis. Agora, a comunidade prepara-se para mais secas nas próximas semanas, o que poderá resultar em mais vítimas de animais e mais dificuldades para a região.
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Comentários
moro em Manaus e nunca vi uma seca tão terrivel quanto a que está acontecendo. As fotos não mostram nem metade do que está acontecendo, infelizmente... a rio negro está com uma faixa de praia criada pela seca pelo menos 4 vezes maior que o habitual e se continuar assim não vai mais ser necessário a ponte para atravessar pois o rio Amazonas vai ficar apenas um córrego.
O fim esta sendo lento e doloroso. A natureza vai se recompor e se livrar da pior "praga" existente. A raça humana.