Em uma variação de uma experiência clássica, os cientistas mostraram que os galos podem reconhecer os seus próprios reflexos em um espelho. Essa habilidade, conhecida como agentividade, é considerada um sinal de autoconsciência nos animais. A experiência tradicional, que envolve colocar uma marca em um animal e ver se este o toca quando colocado diante de um espelho, só detectou o auto-reconhecimento em um número limitado de espécies. Mas as novas descobertas sugerem que mais espécies poderão ser capazes de discernir os seus reflexos do que se pensava anteriormente. |
- "Isso é emocionante, pois se afasta do dogma rígido de que o teste de pontuação é o único teste válido para auto-reconhecimento em animais", disse Nathan Emery, que pesquisa inteligência animal na Universidade Queen Mary de Londres e não contribuiu para as descobertas.
Para o clássico teste do espelho, a marca é colocada em uma parte do rosto ou corpo do animal que ele só consegue ver quando está na frente de um espelho. Se o animal investigar ou tocar na marca, isso é considerado uma indicação de que reconhece o reflexo como seu, um sinal de autoconsciência.
Apenas alguns animais não humanos passaram no teste do espelho, incluindo grandes símios, golfinhos-nariz-de-garrafa, elefantes, pegas e corvos. Mas o teste pode ter algumas limitações. Em experiências anteriores, apenas alguns indivíduos de uma espécie foram aprovados, o que pode significar que o teste tem uma elevada taxa de falsos negativos, de acordo com o novo estudo publicado na revista PLOS One. Além disso, treinar animais com espelhos pode melhorar os resultados dos testes.
O teste do espelho também pode ser menos preciso para animais que possuem habilidades diferentes dos macacos. Para testar outros animais, os investigadores pensaram que deveriam incorporar comportamentos ligados às atividades quotidianas das criaturas, uma vez que nem todos poderiam estar motivados para tocar em marcas nos seus corpos, disse Sonja Hillemacher, co-autora do estudo e pesquisadora de comportamento da Universidade de Bonn, na Alemanha.
Para adaptar o teste do espelho para galos, a equipe decidiu medir seus sons de alarme. Quando os predadores estão por perto, os galos normalmente fazem chamadas para avisar os outros, mas permanecerão em silêncio se estiverem sozinhos. Os pesquisadores colocaram uma das aves em frente a um espelho e projetaram a silhueta de um falcão voando acima dele. Se o galo permanecesse em silêncio, isso poderia indicar que ele se reconheceu e não sentiu necessidade de vocalizar um aviso, enquanto um chamado pode significar que o galo confundiu seu reflexo com um companheiro.
Para efeito de comparação, a silhueta do falcão também foi projetada acima dos galos sob algumas condições diferentes: quando eles estavam sozinhos sem espelho, acompanhados por outro galo visível para eles em um compartimento adjacente e acompanhados por outro galo em um compartimento adjacente que estava bloqueado da vista por um espelho. Eles testaram 68 galos no total, e todas as aves foram testadas em múltiplas configurações.
Nas experiências, os galos emitiram significativamente menos gritos de alerta quando colocados perto de um espelho do que perto de um galo que pudessem ver, sugerindo que reconheceram que o reflexo não era outra ave. Eles também fizeram um número semelhante de chamadas na configuração do espelho, como faziam quando estavam sozinhos. Em testes com outro galo escondido atrás de um espelho, os animais também fizeram um baixo número de chamados, sugerindo que reconhecem a presença de outros galos visualmente, e não pelos cheiros ou sons.
Os galos também falharam na versão clássica de “marca” do teste do espelho. Apesar de observarem as ações dos galos, os cientistas não sabem exatamente o que se passava na cabeça dos animais.
- "É igualmente possível que eles considerassem o seu reflexo como um estranho [membro da sua espécie], imitando todos os seus movimentos, levando-os a não emitir um sinal de alarme por irritação", disse Sonja.
Ainda assim, as descobertas sugerem que o auto-reconhecimento pode não ser tão exclusivo como se pensava anteriormente.
- "Se comportamentos ecologicamente relevantes, como o chamado de alarme nas galinhas, forem usados nos estudos sobre autoconsciência em animais, a autoconsciência dos animais será avaliada de forma mais correta", disse Masanori Kohda, biólogo da Universidade Metropolitana de Osaka, no Japão.
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