Arqueólogos descobrem um mosaico extraordinário de 2.100 anos perto do Coliseu

Arqueólogos em Roma descobriram uma villa luxuosa do final da era republicana com um espetacular mosaico de parede tão complexo em design e materiais que não tem paralelo em qualquer lugar do mundo romano. O mosaico data das últimas décadas do século II a.C. e é tão excepcional que indica que o proprietário da villa era de categoria senatorial, confirmando relatos de fontes antigas sobre grandes residências pertencentes a famílias senatoriais no flanco noroeste do Palatino. A casa contém vários níveis de terraços e inclui uma grande sala de banquetes, onde foi encontrado o extraordinário mosaico.

A domus foi descoberta durante um levantamento arqueológico da antiga Vicus Tuscus, uma rua comercial que ligava o porto fluvial do Tibre ao Fórum Romano. A rua era repleta de armazéns de grãos (horrea) construídos pelo braço direito de Augusto, Marcus Vipsanius Agrippa, depois que ele foi eleito edil (o magistrado encarregado dos edifícios de Roma) em 33 a.C.

A villa é anterior à construção da horrea por Marcus. Foi construída em vários níveis de terraço atrás da área de armazém entre o Fórum e o Monte Palatino. Houve pelo menos três fases distintas de construção entre a segunda metade do século II a.C. e o final do século I a.C.

A principal parte sobrevivente da domus hoje é o specus aestivus, uma sala de banquetes construída em imitação de uma caverna com elementos de água que o mantinha fresco para festejar nos quentes verões romanos. O Ninfeu da Chuva, criado 2.000 anos depois, no alto da colina, foi inspirado nesses tipos de quartos.

Foi nesta grande sala que foi encontrado o extraordinário mosaico que cobre toda uma parede. Criado no chamado estilo "rústico" com uma variedade de materiais, incluindo azulejos azuis egípcios, vidro, lascas de mármore branco, fragmentos de travertino, seixos grossos de pozolana vulcânica e conchas do mar, o mosaico retrata uma complexa estratificação de cenas figurativas em contorno vívido.

O fundo arquitetônico é composto por quatro santuários abobadados definidos por pilastras decoradas com vasos cheios de flores de lótus e folhas de videira. Há pilhas de armas e carnyces, as temíveis trombetas de guerra celtas, navios com tridentes e lemes de trirremes, todos os quais podem remeter a importantes vitórias em batalhas em terra e no mar do proprietário da villa.

Uma luneta acima do cenário arquitetônico contém a paisagem de uma cidade com uma falésia com vista para o mar. Três grandes navios, um deles com velas levantadas, atravessam as águas. Muralhas defensivas com torres e portões cercam a cidade.

Há um grande edifício público no interior e uma cena pastoral ao lado. A bem defendida cidade costeira pode ser mais uma referência a uma guerra travada pelo dono da domus.

A domus e o seu mosaico sem precedentes são exemplos muito antigos do tipo de luxo que foi considerado suspeito pelos tradicionalistas republicanos como sendo importado das monarquias do Oriente Próximo. O conflito entre as facções políticas no Senado passou dos debates ao combate armado, explodindo na guerra civil e no fim da República Romana em meados do século I a.C.

As paredes de mosaico foram descobertas inicialmente em 2018, mas espera-se que as escavações continuem neste ano. A diretora do parque, Alfonsina Russo, afirma que assim que a domus estiver totalmente descoberta, a equipe trabalhará intensamente para tornar este local, um dos mais evocativos da Roma Antiga, acessível ao público o mais rapidamente possível.

A descoberta da antiga casa veio à tona como parte de um extenso projeto de pesquisa realizado pelo Parque Arqueológico do Coliseu, informou o Ministério da Cultura em comunicado. A domus é o último local a ser inaugurado no Monte Palatino, após a recente inauguração do Ninfeo della Pioggia e da majestosa Domus Tiberiana.