Embora a mãe tenha morrido setenta dias depois de sucumbir a uma infecção bacteriana não relacionada, sua gravidez abriu a porta para a restauração do rinoceronte-branco-do-norte. O tecido colhido do embrião revelou que era o resultado do procedimento de fertilização in vitro, fornecendo a prova de conceito crucial de que a técnica poderia ser aplicada para restaurar outros rinocerontes, disse Jan Stejskal, coordenador do projeto BioRescue.
- "Conseguir a primeira transferência bem-sucedida de embriões em um rinoceronte é um grande passo", disse Susanne Holtze, cientista do Instituto Leibniz de Pesquisa de Zoológicos e Vida Selvagem, na Alemanha. - "Agora penso que com esta conquista, estamos muito confiantes de que seremos capazes de criar rinocerontes-brancos-do-norte da mesma forma e de que seremos capazes de salvar a espécie."
A população de rinocerontes-brancos-do-norte foi dizimada em meio à caça furtiva agressiva, impulsionada pela demanda desenfreada pelos chifres dos animais. Os únicos indivíduos que restam -duas fêmeas idosas- vivem sob vigilância rigorosa no Quênia. Os seguranças que toam conta delas tem licença para atirar e matar qualquer caçador furtivo que se aproximem delas.
- "Este animal desempenhou um papel crucial em um ecossistema complexo antes de ser extinto por algum tempo", disse Thomas Hildebrandt, chefe do projeto. - "Ele viveu na paisagem e na arquitetura da África Central. Trazer de volta o rinoceronte-branco-do-norte a este ecossistema ajudará a curá-lo."
Mas devolver a espécie à natureza não é tarefa fácil. O último rinoceronte-branco-do-norte macho morreu em 2018, e nenhuma das fêmeas restantes é capaz de engravidar. Ainda assim, a preservação dos rinocerontes atraiu apoio internacional. Através da fertilização in vitro, a BioRescue espera pegar um embrião criado em laboratório e implantá-lo em um rinoceronte-branco-do-sul, que carregará o feto e ajudará a repovoar a espécie criticamente ameaçada.
O recente sucesso da fertilização in vitro da organização foi a primeira fase deste processo e um esforço que atravessou anos e fronteiras. A equipe recuperou esperma de um rinoceronte-branco-do-sul na Áustria, coletou óvulos de uma rinoceronte-branca-do-sul na Bélgica, fertilizou as amostras in vitro na Itália e finalmente transferiu os dois embriões para a mãe substituta no Quênia. Foram necessárias 13 tentativas para conseguir uma gravidez sustentada através da fertilização in vitro.
- "É muito desafiador em um animal tão grande, em termos de colocar um embrião dentro do trato reprodutivo, que fica quase dois metros dentro do animal", contou Susanne.
Os desafios não param por aí. À medida que a BioRescue volta a sua atenção para a transferência de um embrião de rinoceronte-branco-do-norte para uma mãe de aluguel, terão tentativas limitadas de alcançar o sucesso. Existem apenas 30 desses embriões, colhidos dos óvulos de uma das fêmeas restantes e do esperma preservado do macho já falecido.
Agora, a equipe corre contra o tempo, pois os cientistas esperam que quaisquer novas crias de rinoceronte-branco-do-norte possam viver entre os restantes da sua espécie, o que significa que precisam de nascer antes que as duas fêmeas restantes morram.
- "Estes animais aprendem comportamentos, não os têm geneticamente programados", disse o ecologista conservacionista David Balfour, presidente do grupo de especialistas em rinocerontes africanos da União Internacional para a Conservação da Natureza.. -“Estamos realmente patinando no limite do que é possível, mas vale a pena tentar."
Duas rinocerontes-brancas-do-sul, chamados Arimet e Daly, são as prováveis substitutas dos embriões. A BioRescue continuará a usar rinocerontes brancos do sul como substitutos até que a subespécie do norte possa procriar de forma independente, o que, se tudo correr conforme o planejado, provavelmente ocorrerá nos próximos 10 a 15 anos.
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