Ironicamente, a Islândia importa gelo de outros países?

O nome Islândia, "Terra do Gelo" é um equívoco. Na realidade, o país é incrivelmente verde, especialmente durante o verão, e apenas cerca de dez por cento da Islândia está realmente coberto por gelo permanente. Isto se deve em grande parte ao quente oceano Atlântico Norte, que mantém o clima da ilha quente e suas costas livres de gelo durante todo o inverno, apesar de estar localizada tão perto do Ártico. Diz a lenda que os colonos vikings da Islândia escolheram um nome tão sombrio para impedir a entrada de pessoas que procuravam se estabelecer em novas terras.

Eles esperavam que a palavra "gelo" desencorajasse as pessoas de irem para lá e descobrirem que a ilha era realmente verde e abundante. Mas isso é apenas um mito. A verdade é que a Islândia teve muitos nomes no passado. Quando os exploradores nórdicos Naddador desembarcaram pela primeira vez na Islândia, estava nevando e por isso ele chamou o país de Snæland ("Terra das Neves".

Mais tarde, quando o viking sueco Garðar Svavarosson chegou, ele chamou a ilha de Garðarshólmur ("Ilha de Garðar"). No século IX, um viking chamado Flóki Vilgerðarson, especialista na construção de dracares, retratado no seriado "Vikings", foi em busca de Garðarshólmur. Quando chegou lá, estava muito mal preparado para o inverno. Certo dia, enquanto esperava pela primavera, ele escalou uma montanha e ficou desanimado ao ver um fiorde cheio de icebergs. Foi pura decepção que o levou a dar à ilha o nome atual.

Então, o gelo, ao que parece, não é tão abundante na Islândia como o nome pode sugerir. Claro que existem icebergs flutuantes dos quais você poderia, teoricamente, extrair gelo, e geleiras que você poderia quebrar com uma picareta para encher seu copo, a menos que queira atrair a ira dos ambientalistas, o gelo -mesmo em países gelados- é fabricado. Mas o problema é o seguinte: a Islândia é um país notoriamente caro. Uma passagem entre São Paulo e Reykjavik custa em média 8 mil reais.

Devido à sua localização remota e ao clima desfavorável, tal como muitas ilhas do norte, a Islândia depende fortemente das importações de muitos produtos, incluindo petróleo, trigo, vegetais e outros alimentos. Isto significa que as coisas são muito caras na Islândia e, correspondentemente, os islandeses desfrutam de alguns dos salários mais elevados do mundo. Isto leva a custos elevados de mão-de-obra e tudo o que é fabricado na Islândia acaba por se tornar caro também. É um círculo vicioso.

Acontece que o gelo importado de outros países é até quarenta por cento mais barato do que o gelo produzido na Islândia, apesar da eletricidade ser incrivelmente barata no país devido aos abundantes recursos hidrelétricos e geotérmicos do país. Assim, a Islândia importa toneladas de gelo da Noruega, da Grã-Bretanha e até dos Estados Unidos. Esse gelo é vendido em supermercados para manter frescos os produtos, bem como a carne e o peixe.

Embora alguns possam argumentar que o transporte de gelo entre países tem um impacto negativo no ambiente devido a todos os gases com efeito estufa que os navios emitem, não se deve esquecer que a Islândia já tem muitos navios de entrada para toda a variedade de coisas que o país não pode produzir.

Portanto, faz sentido utilizar este serviço de transporte existente para importar gelo, em vez de tentar fazê-lo em casa. Do ponto de vista econômico, faz mais sentido utilizar a sua eletricidade barata para operações com maior consumo de energia, como a fundição de alumínio. Quase um quarto de toda a energia elétrica produzida no país vai para a produção de alumínio, colocando o país em 11º lugar entre as nações produtoras de alumínio no mundo.

A Islândia também desfruta de muito comércio livre entre as nações europeias desde que se tornou membro da Associação Europeia de Comércio Livre em 1970. Muito capital, trabalho, bens e serviços entre a Islândia, a Noruega e os países da UE podem fazer a travessia livre no movimento fronteiriço. Isso também inclui, como você deve ter adivinhado, o gelo. A importação de gelo para a Islândia é isenta de impostos, o que ajuda a manter os preços baixos (mais ou menos).