Pense no país mais feliz do mundo. Algum lugar na Escandinávia vem à mente? Bem, um novo estudo descobriu que podemos estar negligenciando as pessoas verdadeiramente mais felizes do mundo porque elas geralmente não são incluídas nas classificações. Em classificações globais de felicidade, como o Relatório Mundial de Felicidade (RMF), que publicamos aqui no MDig anualmente, os cientistas tendem a observar uma correlação de índices. |
Ainda que elevados níveis de satisfação com a vida e grandes rendimentos possam indicar satisfação, não correspondem necessariamente com a percepção de um conjunto de sentimentos prazerosos.
No entanto, este índices cheios de tecnicismo muitas vezes não distinguem as sociedades indígenas e locais de pequena escala das nações inteiras. Mas, em algumas destas comunidades, o dinheiro desempenha um papel muito pequeno na vida cotidiana e nos meios de subsistência.
Na verdade, o novo artigo sugere que nem toda a felicidade está relacionada com o dinheiro. Em vez disso, revela que algumas sociedades com baixos rendimentos, que dependem da natureza, e não do dinheiro, têm uma satisfação de vida notavelmente elevada, o que poderá mesmo torná-las as pessoas mais felizes do mundo.
- "A forte correlação frequentemente observada entre o rendimento e a satisfação com a vida não é universal e prova que a riqueza -tal como gerada pelas economias industrializadas- não é fundamentalmente necessária para que os humanos levem uma vida feliz", disse a professora Victoria Reyes-Garcia, autora do estudo.
Embora não tenha sido conduzido pelo mesmo organismo de investigação que o RMF, este novo estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) mediu a felicidade de forma semelhante. O RMF pede aos entrevistados que pensem numa escada onde a melhor vida possível seria 10 e a pior, 0. Eles então avaliam as suas vidas nessa escala.
Para este estudo, os pesquisadores traduziram para as línguas locais a pergunta:
- "Considerando todos os aspectos, quão satisfeito você está com a sua vida numa escala de 0 a 10?"
A equipe coletou as respostas a esta pergunta de 4.966 pessoas de 19 comunidades indígenas e locais em todo o mundo. Apenas 64 por cento dos agregados familiares inquiridos nestas comunidades recebiam algum tipo de rendimento em dinheiro.
Descobriram que a pontuação média destas 19 comunidades foi de 6,8, mais que a pontuação brasileira (6,1) no Relatório Mundial de Felicidade, sendo as pontuações mais baixas de 5,1, o equivalente à Geórgia ou à Costa do Marfim no RMF.
Mas quatro dessas comunidades tiveram uma pontuação superior a 8, o que tornaria estas sociedades de pequena escala as pessoas mais felizes do mundo. Isto porque em 2024, o RMF constatou que os países com maior pontuação foram a Finlândia (7,8), a Dinamarca (7,6) e a Islândia (7,5).
Segundo os autores, as pontuações mais altas foram registradas na América Central e do Sul. Estes números elevados, dizem eles, ocorrem apesar de muitas destas sociedades terem sofrido histórias de marginalização, opressão e roubo de colonizadores.
Os pesquisadores afirmam que os resultados do estudo trazem boas notícias para a sustentabilidade face às alterações climáticas. Isto porque o estudo sugere que as pessoas podem alcançar elevados níveis de felicidade sem a necessidade de um crescimento econômico intensivo em recursos.
Eles incentivam pesquisas futuras para investigar os fatores específicos que influenciam a felicidade em sociedades onde o dinheiro não é central, como o apoio familiar e social, a espiritualidade e as conexões com o mundo natural.
As sondagens globais mostram que as pessoas nos países de rendimento elevado geralmente relatam estar mais satisfeitas com as suas vidas do que as pessoas nos países de baixo rendimento. A persistência desta correlação, e a sua semelhança com as correlações entre rendimento e satisfação com a vida dentro dos países, poderia levar à impressão de que níveis elevados de satisfação com a vida só podem ser alcançados em sociedades ricas.
No entanto, as sondagens globais normalmente ignoram as sociedades de pequena escala e não industrializadas, o que pode constituir um teste alternativo à consistência desta relação. Os resultados deste estudo são consistentes com a noção de que as sociedades humanas podem sustentar vidas muito satisfatórias para os seus membros sem exigir necessariamente elevados graus de riqueza monetária.
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig ID: c048e5ac-0172-45ed-b26a-910f9f4b1d0a
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários