Por que alguns sherpas dizem que não haverá guias no Everest em 10 anos

Os serviços de guia de escalada do Everest, muitas vezes prestados por pessoas do grupo étnico sherpa, podem custar quase 50 mil reais por expedição. A esse preço, o guia assume a responsabilidade pela vida dos escaladores e também pela sua própria. Eles conduzem os montanhistas ao topo do mundo, transportando cargas pesadas e prestando serviços de emergência. Este é um dos trabalhos mais perigosos do planeta e eu seria capaz de apostar que você não arriscaria sua vida por 50 mil.

As condições perigosas e a comercialização da indústria do Everest estão colocando os guias de montanha em risco e levando a um declínio no número de guias especializados, impactando, em última análise, a segurança dos próprios escaladores.

O recorde de mortes no Monte Everest em 2023 destacou a necessidade de padrões de segurança. Os guias lutam para ganhar dinheiro suficiente para justificar o risco, levando muitos a assumirem outros trabalhos e alguns a desistirem completamente.

Só para que se tenha uma ideia, 90% dos sherpas, fora da temporada de escalada, trabalham em serviços marginais transportando cargas de um lado para o outro ou arriscando ainda mais a vida desafiando o Himalaia para levar mantimento e provisões em assentamentos remotos cheios de armadilhas e seracs.

Em 2024, o número de licenças de escalada para estrangeiros no Everest deve alcançar o seu recorde. Os montanhistas deverão também transportar suas fezes de volta ao acampamento base em sacos de transporte. Da mesma forma, o preço das licenças também deve aumentar, potencialmente proporcionando esperança aos jovens locais, que em muitos casos não estão totalmente preparados para a jornadas. Ser sherpa é apenas um componente da equação, pois é preciso também experência no teto do mundo
Qual é o futuro dos guias do Everest?

Os sherpas, responsáveis por guiar os alpinistas, enfrentam condições perigosas e baixos salários, o que gera preocupações sobre o futuro da orientação na montanha. Sherpas experientes são cruciais para a sobrevivência dos escaladores, pois suas decisões impactam diretamente a vida dos escaladores.

Os guias sherpa têm sido cruciais no resgate de alpinistas no Everest e são essenciais por sua capacidade de auxiliar escaladores com cargas pesadas devido às suas vantagens fisiológicas. Eles carregam três vezes mais peso que os escaladores, tornando o seu trabalho indispensável em áreas perigosas como a cascata de gelo Khumbu, onde três sherpas perderam a vida em 2023 depois da queda de uma geleira.

Alguns malucos experimentdos se arriscam a escalar o Everest sem a ajuda de guias e sherpas e, quase todo ano, esta atitude rende uma letalidade. O Everest não é brincadeira. Os custos para fazer a tentativa variam entre 150.000 e 300 mil reais. Algumas pessoas mais abastadas pagam até 1 milhão de reais para chegar até o cume, praticamente carregados peloso sherpas.

Existem muitas variáveis sobre quanto tempo levará. A encosta que vai ser desafiada. A vertente Norte é mais difícil e a vertente Sul é a escolha mais frequente. É preciso estar em ótimas condições físicas, ter o máximo de experiência de escalada possível. O mais crítico é não economizar no equipamento levado para a escalada.

A indústria cada vez mais comercializada e concorrida do Everest coloca os guias em risco e limita a sua renda anual. A crescente indústria do turismo no Everest coincidiu com o declínio do número de guias de montanha especializados, levando a um aumento no número de mortes e pressionando o governo nepalês a gerir o turismo nas montanhas.