A região do Pantanal é um dos ecossistemas mais ricos do mundo. Suporta uma densidade e diversidade de vida raramente vistas em qualquer outro lugar da Terra. Muitas vezes esquecida à sombra da sua contraparte amazônica, esta enorme extensão de habitat de zonas úmidas deve a sua existência contínua e sucesso a uma espécie muito improvável. Passando grande parte de sua vida no leito do rio, evitando predadores e comendo plantas em decomposição, o caracol-maçã (Pomacea lineata), mais conhecido como aruá, não parece uma criatura particularmente especial. No entanto, o seu papel dentro do ecossistema é fundamental. |
O aruá sobrevive submerso na água porque possui uma guelra semelhante à de um peixe. Isso permite extrair oxigênio da água e respirar sob a superfície por longos períodos de tempo. Tendo mastigado massas de vegetação em decomposição e celulose -um componente estrutural resistente das plantas que a maioria das espécies não consegue digerir-, ele precisa se livrar dos resíduos. Por mais estranho que possa parecer, os excrementos do aruá são inestimáveis para a vida no Pantanal. Rico em nutrientes como nitratos e fósforo, este resíduo reciclado é um importante fertilizante para as plantas.
O Pantanal é conhecido por sua densidade excepcionalmente alta de espécies de plantas e animais de grande porte. Estes incluem o jacaré, a lontra e o nenúfar gigante. Estas espécies são todas apoiadas pela presença do caracol-maçã.Os jacarés adoram comê-los e os nenúfares crescem nos solos que fertilizam. Mas o aruá tem de superar alguns obstáculos desafiadores para cumprir este importante papel dentro do ecossistema.
As águas do Pantanal são ricas em sedimentos nutritivos, erodidos e descarregados do planalto mato-grossense. Essas águas se espalham por uma enorme extensão de planície aluvial do delta interior. Os solos férteis que criam permitem que a vida vegetal cresça em abundância.
No entanto, em abril de cada ano, a zona úmida inunda após fortes chuvas nas terras do Norte. A vida vegetal é incapaz de sobreviver a esta inundação, afoga-se e gradualmente começa a decair. Isso leva à maior ameaça natural do aruá, a asfixia. Através da respiração, as bactérias utilizam o oxigênio da água para decompor o tecido vegetal e, em seu lugar, liberam dióxido de carbono.
A alteração da composição dos gases na água pode levar à asfixia do caracol-maçã, mas, felizmente, ele desenvolveu uma adaptação extraordinária para lidar com estas condições desfavoráveis. O aruá é único molusco que desenvolveu um apêndice semelhante a um snorkel. Quando não há oxigênio suficiente na água para respirar pelas guelras, ele pode estender o snorkel até a superfície da água e bombear oxigênio para o pulmão. Uma vez reabastecida, a espécie continua devorando e reciclando a vegetação em decomposição, restaurando mais uma vez o equilíbrio do ecossistema pantaneiro.
Sem a presença do aruá no Pantanal, é provável que muitas das espécies ali existentes não sobreviveriam. Ao repor o oxigênio na água, fertilizar os solos e fornecer uma fonte de alimento a muitos animais, tanto diretamente através da predação como indiretamente através das plantas, esta criatura mantém o delicado equilíbrio da vida no ecossistema. É uma espécie-chave e um engenheiro ecossistêmico insubstituível na região do Pantanal.
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