Pesquisadores do Centro para o Estudo da Evolução Cultural da Universidade de Estocolmo e do Colégio Brooklyn conduziram uma meta-análise de quase 100 experimentos de memória em 25 espécies diferentes. O estudo mostra que os animais têm sistemas de memória diferentes. Simplificando, os animais têm memória de curto prazo e memórias especializadas, possivelmente alguns com memórias episódicas. Na memória de curto prazo, os animais armazenam informações sobre quase tudo, mas as referências desaparecem rapidamente. |
Quando se trata de memória de curto prazo, parece funcionar quase da mesma forma para todos os animais, exclusive para os humanos que se lembram de tudo o tempo todo. Os animais mais lerdos neste quesito são a preguiça e o hamster com menos de 3 segundos de retenção. Por isso o hamster acumula comida e depois não sabe onde deixou. O mais absurdo ocorre com a preguiça. Estes animais já foram flagrados confundindo seus braços com galhos de árvores, seguram-se com os braços opostos e caem para a morte.
A memória humana de curto prazo destaca-se porque é tão suscetível que qualquer coisa parece ficar retida durante muito tempo, mas, às vezes, nosso cérebro pode dar um "tilt", quando, por exemplo, nos flagramos no meio da sala tentando lembrar o que íamos fazer; ou com a porta da geladeira aberta sem saber exatamente o que íamos pegar.
Isto acontece com nossos animais de estimação o tempo todo. Um cão pode estar comendo sua ração quando sai correndo para latir em alguém que chegou no portão. Ele simplesmente vai esquecer que estava comendo.
Os animais também possuem uma variedade de memórias especializadas que, por um lado, só podem armazenar um determinado tipo de informação -geralmente relacionada a uma recompensa ou um bom episódio-, mas por outro lado, a informação é armazenada por muito tempo.
Há a possibilidade de que alguns tenham memória episódica: a capacidade de um animal de codificar e recuperar informações sobre "o que" ocorreu durante um episódio, "onde" o episódio ocorreu e "quando" o episódio aconteceu, mas não há forma de saber se esta forma de recordação é ou não acompanhada por recordação consciente, um componente chave da definição original de memória episódica.
Este parece ser o caso de uma guaxinim chamada Roxy, que tem uma memória especializada relacionada com a humana que lhe ajudou e jamais a esquece. Brittany, do Centro de Resgate Paradise for Paws falou sobre seu relacionamento com Roxy, que leva seus bebês para conhecê-la e sua família todos os anos.
Brittany disse que Roxy veio essencialmente com a casa que ela comprou. Os residentes anteriores contaram a ela sobre Roxy, mas Brittany sentiu que precisava formar sua própria amizade com a guaxinim semi-selvagem. Assim que o vínculo foi desenvolvido, Roxy começou a ficar no quintal esperando para ser alimentada.
Quando Roxy engravidou, ela trouxe seus bebês para conhecer Brittany. Quando ela teve ninhadas nos anos posteriores, Roxy levava toda a ninhada para ver sua humana favorita. Quando Brittany teve sua filha, ela quis retribuir o favor.
Estas memórias especializadas não são características apenas de mamíferos. No final de 2023, Autumn Cochella apresentou um persistente grou-canadense, chamado Carl, que adora bater no vidro da sua porta todos os anos quando migra do Canadá para a Califórnia, junto a sua esposa Carla e o filhote da vez.
E esta memória especializada também pode estar relacionada com uma amizade. Em 2021 contamos a doce história da corça Buttons que leva seus bebês para conhecer seu melhor amigo G-Bro, o golden retriever, a cada primavera nos últimos 11 anos.
A mãe de Buttons foi atropelada quando ela ainda era uma filhota e foi criado junto com G-Bro, que também era filhote. Os dois criaram um vínculo tão grande que a corça parecia se portar como um cão, e o cão como um cervo. Hoje Buttons nem espera que alguém abra a porta para ela entrar, quando vem apresentar no novo filho simplesmente escoiceia a porta e segue em frente.
Buttons se lembra do amigo e do local exato onde ele mora, Mais? Ela tem confiança o bastante para levar seus filhos para também conhecerem o cão, mas certamente ela e quaisquer animais têm dificuldade em lembrar outras coisas em outros contextos, mesmo que seja por um minuto ou menos.
Curiosamente, os chimpanzés tem memórias curtas de apenas 20 segundos apesar de que suas memórias especializadas podem reter informações por muito tempo, considerando, por exemplo, que podem se lembrar de outros indivíduos, de locais ricos em alimentos, ou inclusive de que certos alimentos são tóxicos.
No entanto, as memórias de eventos que desencadeiam esses sistemas específicos desaparecem em questão de segundos ou minutos, ou seja, quer que um animal se lembre para sempre de você, trate o da melhor forma possível.
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