Armadura da Grécia Antiga é testada em uma simulação de batalha de 11 horas inspirada na Ilíada

Pela lei grega, todo cidadão do sexo masculino com mais de dezoito anos deve passar de nove meses a um ano nas Forças Armadas Helênicas. Como em todos os países com tal política de recrutamento obrigatório, esta não é certamente uma perspectiva apreciada pela maioria dos futuros recrutas. Mas então, não pode ser de todo mau, pelo menos para os entusiastas da história militar mediterrânica que por acaso estavam a servir quando investigadores da Universidade da Tessália vieram oferecer a oportunidade de vestir uma armadura do século XV a.C. e ter uma batalha muito antiquada.

A réplica foi modelada a partir de um exemplo da civilização micênica do final da Idade do Bronze descoberta na vila de Dendra, no sul da Grécia, em 1960, de fato, uma das armaduras completas mais antigas da Europa em existência.

Composto por quinze folhas de liga de cobre unidas com couro, que cobriam o usuário do pescoço aos joelhos, o traje é completo com protetores de braços e pernas e um capacete decorado com pedaços de presa de javali.

Por mais desajeitada que possa parecer, é uma prova de que, como os investigadores colocaram no seu artigo: - "... os micênicos tiveram um impacto tão poderoso no Mediterrâneo Oriental, pelo menos em parte como resultado da sua tecnologia de blindagem."

Mas primeiro, eles tiveram que testar a própria armadura. Eles reuniram voluntários da 32ª Brigada de Fuzileiros Navais do Exército Helênico, alimentaram-nos com a refeição pré-batalha de um soldado micênico: pão, carne bovina, queijo de cabra, azeitonas verdes, cebolas e vinho tinto.

Os fuzileiros navais foram equipados com réplicas do traje micênico, receberam réplicas de espadas cruciformes micênicas e foram colocados em uma sala com temperatura controlada ajustada para uma temperatura geograficamente precisa de 20°C. Começaram onze horas de batalha simulada, todas coreografadas com base nas descrições da Guerra de Tróia da Ilíada de Homero, que foi travada alguns séculos depois da armadura Dendra ter sido feita.

- "Agora entendemos, apesar da sua aparência incômoda à primeira vista, que não só é flexível o suficiente para permitir quase todos os movimentos de um guerreiro a pé, mas também resistente o suficiente para proteger o utilizador da maioria dos golpes", escrevem os pesquisadores na sua conclusão.

E embora os voluntários da pesquisa mostrassem um alto nível de fadiga, dores na parte superior do corpo devido ao peso da armadura e dores nos pés devido a caminhar, correr, andar de carruagem e lutar descalço, deve ter sido uma experiência mais estimulante do que um dia normal nas Forças Armadas Helênicas, especialmente se houvesse queijo de cabra e vinho disponíveis pós-batalha.