Alguém encontrou a casa de um dos 10 fugitivos mais procurados do FBI no Google Earth

O haitiano Vitel'Homme Innocent, líder da gangue Kraze Barye que em 2021 sequestrou 17 missionários cristãos no Haiti, aparece na lista dos 10 fugitivos mais procurados pelo FBI; entre eles, cinco crianças. Os Estados Unidos estão oferecendo uma recompensa de até US$ 2 milhões por informações que levem à prisão de Vitel. Mas, às vezes, basta um especialista do Google Earth para reunir pistas. De fato, já alguns softwares que usam inteligência artificial que permitem localizar um determinado endereço através de uma foto aleatória.

Foi mais ou menos isso que fez Benjamin Strick, que não é apenas um usuário avançado do Google Earth. Especialista em Inteligência de Código Aberto (OSINT) e Inteligência Geoespacial (GEOINT), ele dirige pesquisas para uma empresa independente chamada Centro de Resiliência de Informações.

Quando a CNN publicou uma entrevista exclusiva com Vitel, sua experiência e as imagens de satélite do Google foram tudo o que Benjamin precisava para encontrar a casa do criminoso.

Estas são as imagens a partir das quais ele começou a encontrar a casa. Principalmente as imagens em que repórteres da CNN são levados de van ao abrigo de Vitel por membros da gangue. Benjamin triangulou o local graças a elementos paisagísticos, curvas da estrada e alguns edifícios.

Primeiro, ele encontrou o prédio com telhado semelhante a uma fábrica usando duas referências: a cordilheira que circunda Porto Príncipe, capital do Haiti, e um muro que segue uma curva em uma estrada de terra.

Outras imagens mostraram um pequeno muro e alguns pilares semiconstruídos que ele também localizou, apesar da baixa resolução das imagens de satélite. Benjamim então notou uma pilha de entulho perto de uma parede. Os destroços também são visíveis no Google Earth e já estão lá há anos, de acordo com o Google Image History.

Em seguida, a reportagem da CNN mostra a casa de Vitel. Ficava a um quilômetro e meio dos locais anteriores, mas Benjamin não teve problemas em encontrá-lo em poucas horas graças a características como o telhado de duas águas, a entrada e um canteiro de obras próximo a ele.

Presumimos que Vitel'Homme Innocent já não more mais na casa nesse momento, mas ainda é surpreendente que algumas imagens permitam que uma pessoa encontre a localização de um dos 10 fugitivos mais procurados do FBI usando dados disponíveis publicamente.

É nisso que consistem OSINT e GEOINT: a compilação de informações obtidas de fontes públicas, neste caso uma reportagem jornalística, e de fontes geoespaciais, como imagens de satélite do Google Earth.

No final do ano passado, um grupo de estudantes de pós-graduação da Universidade de Stanford desenvolveu um aplicativo baseado em inteligência artificial na rede neural CLIP da OpenAI com a capacidade de identificar e determinar a localização exata com base em uma foto. O aplicativo pode restringir a localização com base na vista da rua apresentada na foto ou, geralmente, na fonte da imagem compartilhada.

Embora este seja um feito incrível que pode potencialmente levar a um grande desenvolvimento, não posso deixar de pensar nas implicações negativas que o aplicativo baseado em IA representará se for disponibilizado para o público geral.

Os formandos de Stanford destacaram que o aplicativo pode se apresentar como uma ferramenta eficaz quando se trata de direção autônoma, investigações visuais, segurança e muito mais. No entanto, se a tecnologia cair em mãos erradas e for usada para fins nocivos diferentes daqueles a que se destina, os danos que podem ser causados ​​são altamente preocupantes.

Para tanto, o modelo não foi divulgado ao público. Conforme compartilhado no projeto, os alunos compartilharam o código apenas para fins acadêmicos.