Há uma presença viva e escultural nas criaturas criadas pelo artista japonês Raku Inoue feitas simplesmente de flores e folhas. Representações elegantes de insetos e animais emergem dos materiais naturais, que ele normalmente adquire tanto de floriculturas locais quanto de fazendas de flores no exterior. Ocasionalmente, Raku encontrou inspiração em seu próprio quintal, e isso foi especialmente verdadeiro durante a quarentena do coronavírus em sua casa em Montreal, no Canadá. Ele estava rastelando as grossas camadas de folhas caídas do outono quando notou muitos brotos e mudas escondidos embaixo das folhas. |
- "Foi bom ver que a vida ao ar livre prosperava independentemente da pandemia", escreveu em seu Instagram. As primeiras flores em seu jardim o levaram a criar uma série de peças menores e mais silenciosas: microinsetos. - "Minha arte é sobre ser grato pelas pequenas coisas da vida e aproveitar cada momento, pois o tempo é precioso e a vida é efêmera."
Não importa quão bonitas sejam suas obras de arte, o artista é prático e filosófico sobre sua vida útil, que é curta. Depois que Raku fotografa suas obras concluídas, ele imediatamente as recicla de volta para a Mãe-Natureza. E ele espera que seus espectadores apreciem sua aparência e reconheçam o caráter cíclico do mundo natural.
- "Também é entender e aceitar que nem tudo é para sempre, especialmente na natureza, e que às vezes há beleza em deixar as coisas irem", disse ele. - "Se eu puder fazer com que parte do meu público se sinta assim, então terei alcançado meu verdadeiro objetivo."
As plantas tropicais não são abundantes nas latitudes norte de Montreal. Nem os animais mais diversos do planeta, os insetos. Mesmo assim, Raku encontra uma maneira de mostrar ambos com seus retratos coloridos de insetos e outros animais feitos de flores, folhas, galhos, sementes e caules.
- "Os insetos sempre foram um símbolo para mim", disse Raku, que cresceu no Japão. Todo verão, sua avó deixava a porta aberta para refrescar sua casa no campo perto de Hiroshima e receber libélulas, um inseto que ela acreditava representar a presença de seu falecido marido.
Agora Raku faz libélulas, besouros, formigas e tudo o mais que o inspira, usando materiais de seu próprio quintal. Ele pega restos de pétalas de flores de floristas próximas e, ocasionalmente, as pessoas lhe enviam plantas de outras partes do mundo para desafiar sua criatividade. Durante uma recente viagem ao sudoeste americano, ele queria muito ver um escorpião. Quando nenhum apareceu, ele fez a segunda melhor coisa: coletou galhos e sementes e fez um.
Ele conta que um dia, cinco anos atrás, estava ventando e as pétalas frágeis de rosas no seu quintal foram levadas para o chão. Ele as pegou e fez meu primeiro inseto floral: um pequeno besouro. O fascínio por criaturas rastejantes é algo que remonta à sua infância no Japão, onde ele costumava pegar kabutomushi (besouros-rinocerontes) com sua avó.
Ele também se lembra de passar muito tempo na biblioteca da escola vendo enciclopédias, alimentando sua curiosidade e aprendendo sobre muitas coisas que existem neste planeta, incluindo plantas e insetos. Então, parece natural que ele se encontrasse gravitando em direção a esses assuntos em busca de inspiração.
Além das flores do próprio quintal, ele compra flores em uma floricultura local. Ocasionalmente, eles gentilmente doam flores que sobraram. Um produtor de flores, depois de ver suas delicadas esculturas, também lhe envia flores no passado, que ele usava para criar alguns dos trabalhos mais coloridos.
Com o clima do norte do Canadá, a maioria das plantas e flores de exterior não estão disponíveis durante todo o ano, mas quando estão, ele as usa regularmente e isso acrescenta às suas criações um senso de sazonalidade.
- "Algumas das minhas flores favoritas são sazonais e crescem bem no meu quintal, como narcisos, hortênsias, clematites, flores de ameixeira", explicou ele. - "Comprei uma casa há seis anos e uma das minhas exigências era que tivesse um quintal espaçoso."
Naquela época, Raku nunca teve um jardim para cuidar ou manter, mas como testemunhou sua mãe trabalhando no dela, isso definitivamente o influenciou a começar o seu próprio, e, melhor, ele já sabia o que fazer.
- "A vida na cidade pode ser opressiva às vezes, então é bom ter um retiro onde eu possa me desconectar", disse o artista. - "As primeiras flores deste ano de 2024 foram narcisos. Mas brotos e mudas começaram a prosperar um pouco antes do tempo. Usei-os para fazer a série de microinsetos."
No espírito da tradição japonesa de iquebana, Raku tenta não usar cola ou fita, organizando cuidadosamente cada recorte da natureza e fotografando-o de cima quando estiver completo. Curiosamente a origem do iquebana não é japonesas, ainda que tenha se popularizado ali. A iquebana é originária da Índia, onde os arranjos eram destinados a Buda, e se personalizou na cultura nipônica, que a tornou mais conhecida. Em contraste com a forma decorativa de arranjos florais que prevalece nos países ocidentais, o arranjo floral japonês cria uma harmonia de construção linear, ritmo e cor.
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