O crescente surto de mpox, anteriormente conhecida como varíola-de-macaco, na África constitui uma emergência de saúde pública de interesse internacional, declarou a Organização Mundial da Saúde (OMS) hoje de manhã (14 de agosto). A declaração se baseou no conselho de um comitê de emergência que a OMS reuniu para discutir um aumento sem precedentes de mpox na República Democrática do Congo, que agora se espalhou para países adjacentes. Os casos de mpox já estavam aumentando no Congo em 2023, mas agora dispararam: mais de 14.000 casos foram relatados em 2024, excedendo a contagem total do ano passado. |
- "Na opinião de todos os membros, foi unânime que o surto atual de mpox é um evento extraordinário", disse Dimie Ogoina, um médico-cientista e presidente do comitê de emergência de 15 membros, durante uma entrevista coletiva virtual. - "Um grande fator na decisão foi que estamos tendo o maior número de casos já relatados no Congo."
Com base nos dados disponíveis, as crianças congolesa foram as "mais impactadas" pelo surto do país, disse Ogoina. Esse parece ser o caso no Burundi também, mas não na Nigéria e na África do Sul, onde até agora os jovens adultos foram mais impactados. As autoridades de saúde ainda não entendem a extensão total da emergência no Congo ou em outros lugares da África.
- "O que temos na África é, na verdade, a ponta do iceberg", disse Dimie, citando grandes lacunas nos testes de diagnóstico. - "Não temos o quadro completo desse fardo do mpox."
A mpox representa um risco particularmente alto na África devido à alta carga de infecções por HIV no continente, uma porcentagem das quais não é diagnosticada ou é subtratada. Pessoas vivendo com HIV, e especialmente aquelas com doença avançada, enfrentam um risco maior de doença grave e morte por mpox.
Outro fator na decisão do comitê foi o fato de que um novo ramo da árvore genealógica do vírus mpox, chamado clado 1b, surgiu. Ele foi detectado pela primeira vez na República Democrática do Congo no ano passado e desde então se espalhou para países vizinhos onde o mpox não havia sido relatado anteriormente. Esses países incluem Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda.
Existem dois grandes clados de mpox, conhecidos como clado 1 e clado 2, e o primeiro carrega um risco maior de doença grave e morte do que o último. Os vírus do clado 1 nunca foram detectados além de países onde o mpox se espalha regularmente.
O surto de mpox que se espalhou para muitos países, incluindo o Brasil, em 2022 foi impulsionado por um vírus do clado 2. Em agosto de 2022, quando houve o pico de mpox no Brasil, o país contabilizou mais de 40 mil casos. Um ano depois, em agosto de 2023, o total caiu para pouco mais de 400 casos. Em 2024, o maior número de casos foi registrado em janeiro: mais de 170. Por fim, em agosto deste ano, a média de casos se mantém entre 40 a 50 novas infecções. O número é visto pelo Ministério da Saúde como - "...bastante modesto, embora não desprezível."
- "O quadro de como o mpox está se espalhando é complexo. O principal modo de transmissão é por meio de contato físico próximo, o que impulsiona a disseminação em domicílios, por exemplo", disse Maria Van Kerkhove , diretora interina de Prevenção e Preparação para Epidemias e Pandemias da OMS. - "O vírus, e especialmente o clado 1b, também está se espalhando por meio de redes sexuais. Em menor grau, a transmissão por contato com animais infectados ou seus fluidos corporais também está impulsionando os casos."
No Congo e no Burundi, há evidências de que o mpox está se espalhando por redes comunitárias, mas em alguns outros países que relataram menos casos, como Quênia, Uganda e Costa do Marfim, suspeita-se que esses casos tenham sido eventos isolados.
A OMS está agora trabalhando para aumentar a disponibilidade de vacinas mpox na África, garantindo acordos com fabricantes e doações de países com estoques existentes. Eles estão trabalhando com os fabricantes de vacinas chamadas MVA-BN, aprovada pela ANVISA em 2022 como Imvanex.
As vacinas são uma intervenção que pode ser utilizada, mas também há trabalho que precisa ser feito em torno da comunicação do risco de mpox para as pessoas e precauções que podem ser tomadas para prevenir a doença.
Além disso, mais estudos precisam ser realizados para entender como a dinâmica de transmissão do vírus difere em diferentes cenários e como as doenças causadas pelo mpox progridem e as lacunas nos testes precisam ser fechadas.
Sem uma ação rápida, o mpox pode se espalhar para outros países africanos e também para além do continente. Como tal, a mpox requer uma resposta coordenada, não apenas na África, mas globalmente. Coletivamente, todas as partes envolvidas podem trabalhar para melhorar a vigilância, o diagnóstico e outras respostas de saúde pública que são necessárias para acabar com esse desafio pela raiz.
Os sintomas incluem erupção cutânea que forma bolhas e depois crostas, febre e gânglios linfáticos inchados. A doença é geralmente leve e a maioria dos infectados se recupera em poucas semanas sem tratamento. O tempo entre a exposição e o início dos sintomas varia de cinco a vinte e um dias, e os sintomas geralmente duram de duas a quatro semanas. Os casos podem ser graves, especialmente em crianças, mulheres grávidas ou pessoas com sistema imunológico suprimido.
As complicações incluem infecções secundárias, pneumonia, sepse, encefalite e perda de visão após infecção da córnea. Pessoas com sistemas imunológicos enfraquecidos, seja devido a medicamentos, condições médicas ou HIV, têm maior probabilidade de desenvolver doenças graves. Se a infecção ocorrer durante a gravidez, isso pode levar ao natimorto ou outras complicações.
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Comentários
MONKEYpox.
A varíola do macaco tem cura? A varíola do macaco tem cura e, de forma geral, não é necessário tratamento específico, já que o vírus costuma ser eliminado pelo próprio sistema imunológico depois de cerca de 4 semanas.
O antiviral Tecovirimat é indicado para pacientes com risco de desenvolvimento de formas graves da doença.