Cientistas investigam os segredos antienvelhecimento do tubarão-da-Groenlândia, que vive por séculos

O envelhecimento é um processo pelo qual todos os seres vivos parecem passar, mas certamente não da mesma forma. Atualmente, a pessoa viva mais velha tem 116 anos, enquanto o cão e o gato mais velhos têm 24 e 28 anos, respectivamente. Alguns animais, como papagaios e tartarugas, podem viver muitas décadas, com espécies como a tartaruga de Galápagos superando facilmente a vida humana. Mas nenhum animal dominou a longevidade com a sutileza do tubarão-da-Groenlândia (Somniosus microcephalus), também conhecido como tubarão-cinzento ou tubarão-de-bico-branco.

Esses grandes e lentos reclusos do Ártico podem viver até 500 anos. Os cientistas ainda esperam aprender os segredos dessa longa vida para entender melhor as espécies e os processos biológicos de envelhecimento.

O tubarão da Groenlândia é uma variedade de tubarão-dorminhoco e uma das maiores espécies de tubarão. Ele se estende por um comprimento impressionante de até 6,5 metros e pesa cerca de 1,5 toneladas. Ele normalmente habita as águas frias e profundas do Ártico, embora possa migrar para outras regiões.

Apesar de ser um predador feroz, ele se move bem devagar e gosta de uma busca preguiçosa. As feras enormes são listadas como vulneráveis. Seu período de gestação incrivelmente lento de cerca de oito a dezoito anos não inspira confiança em sua capacidade de recuperação, nem o fato de que eles só atingem a maturidade sexual por volta dos 150 anos.

Como toda essa reprodução demora tanto? Bem, o período de tempo estendido é possível devido ao tempo de vida recorde do tubarão da Groenlândia, o vertebrado de vida mais longa. Enquanto os cientistas continuam a investigar por quanto tempo essa espécie pode persistir, o teste dos olhos de um indivíduo com tecnologia de radiocarbono produziu uma gama de possíveis datas de nascimento entre 1504 e 1744. Esse tubarão pode ter nadado na mesma época em que Shakespeare e a Rainha Elizabeth I viveram, e ele possivelmente pode ser contemporâneo da Descoberta do Brasil.

Cientistas ainda estão trabalhando na resposta sobre o porquê desses tubarões terem tanta longevidade, mas é possível que o metabolismo possa desempenhar um papel. Trabalhos recentes revelaram que o metabolismo dos tubarões não parece desacelerar da mesma forma que os humanos que envelhecem. Preservadores da atividade enzimática, sugerindo que eles podem ser capazes de resistir à desaceleração do envelhecimento.

- “Meu melhor palpite seria que as águas profundas do Ártico podem ser um ambiente desafiador para se viver, onde um animal como o tubarão-da-Groenlândia pode não ter acesso consistente a bastante comida, e eles podem não estar frequentemente em contato com outros tubarões-da-Groenlândia", compartilhou o biólogo Ewan Camplisson, um estudante de doutorado na Universidade de Manchester. - "Portanto, como uma espécie com baixas taxas de mortalidade natural, sua estratégia de vida ideal seria uma de crescimento lento e construção de reservas de energia, de modo que quando eles interagem com o sexo oposto eles estejam em uma condição adequada para se reproduzir."

Embora o notável processo de envelhecimento dos tubarões-da-Groenlândia tenha permitido que eles sobrevivessem por séculos, isso também pode ser uma faca de dois gumes, pois seu ambiente muda rapidamente. A espécie, considerada "Quase Ameaçada" pela União Mundial para a Conservação da Natureza, pode ser lenta demais para se adaptar a mudanças climáticas, poluição marinha e outros fatores estressantes.

Os cientistas acreditam que se pudermos descobrir como o tubarão-da-Groenlândia vive tanto e como eles parecem ser tão resistentes a doenças relacionadas à idade (como doenças cardíacas), poderemos melhorar a qualidade de vida da população humana idosa.