Foi novidade para mim quando li o título de um artigo no Minnesota Star Tribune: "A águia não é realmente a ave nacional. Um esforço lançado em Wabasha pode mudar isso." Como assim? A águia-de-cabeça-branca (Haliaeetus leucocephalus) não é a ave nacional dos Estados Unidos desde o século XVIII? Muitos pensam assim, inclusive a grande maioria dos americanos. Mas a águia-careca, embora estampada no Grande Selo dos Estados Unidos e estampada nos passaportes, moeda, selos postais e uniformes militares do país, nunca foi formalmente nomeada representante aviária do país. |
Isso pode mudar graças à legislação, que foi liderada pelo Centro Nacional da Águia em Wabasha, no estado de Minnesota, um esforço iniciado por um ávido apoiador e colecionador da organização que descobriu o descuido e está tentando oficializar o papel da ave.
Preeston Cook, 78 anos, descobriu a falta de status de "ave nacional" da águia enquanto escrevia seu livro, "American Eagle: A Visual History of Our National Emblem". Ele se uniu ao historiador da Universidade da Flórida Jack E. Davis, autor do livro de 2022 "The Bald Eagle: The Improbable Journey of America's Bird", para promover o projeto de lei que visa corrigir o erro.
O papel da águia americana como símbolo nacional está ligado ao seu desembarque em 1782 no Grande Selo dos Estados Unidos. Pouco depois da Declaração de Independência ter sido assinada em 4 de julho de 1776, o Congresso Continental deu a Benjamin Franklin, Thomas Jefferson e John Adams o trabalho de projetar um selo oficial para a nova nação. No entanto, os três falharam em criar um projeto que ganhasse a aprovação do Congresso.
Em meados de junho de 1782, os projetos existentes foram entregues a Charles Thomson, o secretário do Congresso. Thomson escolheu o que ele achava serem os melhores elementos dos vários designs e recomendou que a pequena águia-branca usada em um dos projetos fosse substituída por uma águia americana.
Ao contrário da lenda, não há evidências de que Ben Franklin tenha protestado no Congresso sobre a escolha da águia-americana e feito lobby pelo peru (Meleagris gallopavo), que havia sido a sua escolha, embora em uma carta de 1784 para sua filha ele tenha rotulado a águia-americana como “ave de mau caráter moral."
À medida que o desenho passou a aparecer em documentos oficiais, moedas, bandeiras, prédios públicos e outros itens relacionados ao governo, a águia americana se tornou um ícone americano.
Apesar de seu significado simbólico, a majestosa ave-de-rapina enfrentou uma ameaça real de extinção. No final dos anos 1800, o país abrigava 100.000 águias nidificando, mas o número de aves logo diminuiu para um décimo devido a fatores como destruição do habitat e caça.
Em 1940, o Congresso aprovou a Lei de Proteção da Águia, tornando ilegal possuir, matar ou vender águias. Uma nova ameaça surgiu quando elas começaram a comer presas contaminadas com DDT, um pesticida que passou a ser amplamente utilizado após a Segunda Guerra Mundial. Na década de 1960, havia apenas cerca de 400 casais reprodutores restantes na natureza, e em 1978 a águia americana foi colocada na lista de espécies ameaçadas de extinção.
Graças às proteções federais, bem como às regulamentações envolvendo DDT, em 1995 a população de águias americanas se recuperou o suficiente para que o status da ave fosse alterado de ameaçada para vulnerável, e em 2007 foi removida completamente da lista.
Curiosamente, muitos brasileiros também não sabem qual é a ave nacional. Questionados alguns dizem que é o tucano, outros que a hárpia. Nem uma coisa e nem outra. A ave nacional do Brasil é o tordo-de-barriga-vermalha (Turdus rufiventris), mais conhecido como sabiá-laranjeira.
Em 2002, o sabiá foi eleito como ave símbolo do país porque ocorre em grande parte do território brasileiro. Dado à popularidade que exerce na cultura e no folclore brasileiro de diversas regiões, a espécie foi escolhida como representante da fauna ornitológica nacional no dia 3 de outubro de 2002. O decreto foi assinado pelo então presidente da república Fernando Henrique Cardoso. O sabiá-laranjeira é conhecido pelo seu canto melodioso e pela sua plumagem característica que lhe dá o nome popular.
Qual é o sentido de ter aves nacionais para os países? Ninguém sabe ao certo como este costume começou. A escolha de aves como símbolos remonta a antes mesmo da heráldica medieval, quando uma cidade ou pessoa privada usava um animal ou outro dispositivo em escudos e bandeiras. Isso seria quando 99% da população era analfabeta.
As pessoas gostam de símbolos. Nações são essencialmente grupos de pessoas que sentem uma comunhão umas com as outras e desejam encontrar várias maneiras de expressar sua unidade. Elas desejam ser identificadas como um povo, uma nação. Portanto, elas criam símbolos de identidade nacional, como bandeiras, eventos culturais, um hino ou credo e vários outros identificadores nacionais que desejam usar para identificar e caracterizar a nação inteira. Uma ave nacional é simplesmente um dos muitos símbolos que o povo escolhe para representar sua identidade nacional.
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Comentários
águia careca, águia branca, e águia americana não são diferentes nomes para a mesma ave?