Até 2018, o tamanduaí (Cyclopes didactylus), também conhecido como tamanduazinho ou tamanduá-seda, era conhecido como a única espécie da família de ciclopedídios. Acontece que um extenso estudo publicado em 2018 no Zoological Journal of the Linnean Society, intitulado "Revisão taxonômica do gênero Cyclopes Gray, 1821 (Xenarthra: Pilosa), com a revalidação e descrição de novas espécies", descreveu mais seis espécies do bichinho fofo e esquivo, de hábitos noturnos e que vive na copa das árvores, onde se alimenta unicamente de formigas. |
O tamanduazinho é encontrado em florestas tropicais do norte da América do Sul e da América Central e também nas poucas matas que restam da Mata Atlântica nordestina. As populações conhecidas de tamanduaí são praticamente idênticas -com variação na cor da pelagem-, sem diferenciações morfológicas suficientes para sustentar a descrição de espécies diferentes, daí o motivo pelo qual durante 259 anos se acreditou que se tratava de uma única espécie.
Para chegar a estes números, a veterinária Flávia Miranda, do Laboratório de Biodiversidade e Evolução Molecular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e uma equipe de taxonomistas, zoólogos e geneticistas da UFMG e USP estudaram a biologia, o comportamento e a ecologia das novas espécies e sequenciaram o DNA nuclear mitocondrial de 287 espécimes.
Os tamanduás-da-seda são os menores tamanduás vivos e têm rostos proporcionalmente mais curtos e crânios maiores do que outras espécies. Os adultos têm um comprimento total variando de 36 a 45 centímetros, incluindo uma cauda de 17 a 24 centímetros de comprimento e pesando de 175 a 400 gramas.
Eles possuem pelagem densa e macia, que varia do cinza ao amarelado, com brilho prateado. Muitas subespécies têm listras mais escuras, geralmente acastanhadas, e partes inferiores ou membros mais claros. Os olhos são pretos e as solas dos pés são vermelhas.
O nome científico Cyclopes didactylus se traduz aproximadamente como "pé circular de dois dedos" e refere-se à presença de duas garras nas patas dianteiras e sua capacidade de quase circundar um galho ao qual o animal está agarrado. As garras estão presentes no segundo e terceiro dedos, sendo este último bem maior. O quarto dedo é muito pequeno e não possui garra, enquanto os outros dois dedos são vestigiais ou ausentes e não são visíveis externamente.
As patas traseiras têm quatro dedos de igual comprimento, cada um com garras longas, e hálux vestigial que não é visível externamente. O formato de suas garras e o rabo semi-preênsil faz do tamanduazinho um especialista da escalada, que lhe permite viver quase sempre escondido nas copas da árvores.
O tamanduaí é um animal lento e se alimenta principalmente de formigas, comendo entre 700 e 5.000 por dia. Eventualmente eles também se alimentam de vespas e pupas de vespas, atacando os ninhos à noite. Às vezes, também se alimenta de outros insetos, como cupins e pequenos besouros coccinelídeos. Animais em cativeiro gostam de consumir frutas.
É um animal solitário e dá à luz um único filhote, até duas vezes por ano. Os filhotes nascem já peludos, e com padrão de coloração semelhante aos adultos. Eles começam a ingerir alimentos sólidos quando atingem cerca de um terço da massa adulta. Os filhotes geralmente são colocados dentro de um ninho de folhas mortas construído em buracos de árvores, e deixados por cerca de oito horas todas as noites enquanto a mãe vai forragear.
Como todos os vermilinguas, o tamanduzazinho não tem dentes. Cientistas acreditam que, ao longo de milhões de anos, os tamanduás perderam os genes para fazer o esmalte dos dentes porque comeram insetos macios que não exigiam dentes fortes, de acordo com um estudo de 2023.
As populações silvestres de tamanduaís são afetadas principalmente pela redução e fragmentação de seu habitat devido ao desmatamento e a incêndios florestais. A captura do animal para utilização como animal doméstico é comum na região amazônica. No entanto, as principais ameaças identificadas para o táxon foram: agricultura, desconexão de habitat, apanha e comércio ilegal.
Os pesquisadores pretendem avaliar o estado de conservação da população de tamanduaís no Nordeste, ameaçada especialmente pelo desmatamento. Para isso é necessário a criação de novas Unidades de Conservação, implementação das mesmas, estabelecimento de um manejo metapopulacional que preveja corredores ecológicos.
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