Esta criatura marinha transparente pode reverter seu processo de envelhecimento

Uma água-viva do Atlântico conhecida como "noz-do-mar" (Mnemiopsis leidyi) tem a capacidade de reverter seu próprio processo de envelhecimento, sugere um novo estudo. Quando a comida é escassa ou a criatura marinha é ferida, o invertebrado gelatinoso pode se desenvolver para trás em sua forma larval, que tem dois tentáculos para capturar comida. A forma adulta, que parece um pequeno par de pulmões transparentes, não tem esses tentáculos. Ela é a terceira espécie animal conhecida, e a primeira medusa-de-pente (ctenóforo) conhecida, que pode retornar a um estágio de vida anterior depois de já ter atingido a idade adulta.

Cientistas mostraram anteriormente que um punhado de cnidários, um grupo que inclui águas-vivas, anêmonas-do-mar e corais, pode se desenvolver para trás, mas apenas antes de atingir a maturidade sexual. As outras duas espécies documentadas que podem se desenvolver para trás quando adultas são a chamada água-viva-imortal (Turritopsis dohrnii) e a tênia-canina (Echinococcus granulosus).

A reversão da idade em águas-vivas-de-pente confirma que o desenvolvimento da reversão pode ser mais disseminado do que se pensava anteriormente, escreveram os pesquisadores no estudo, que se baseia em trabalhos anteriores que investigaram a robustez da noz-do-mar .

A noz-do-mar é nativa do Oceano Atlântico ocidental, mas a espécie se espalhou e se tornou um incômodo invasor na Europa e na Ásia. A M. leidyi pode sobreviver na água de lastro de navios por semanas, apesar da falta de comida, que é como os pesquisadores acreditam que as águas-vivas-de-pente conseguiram atravessar o Atlântico. A espécie agora é encontrada nos mares Negro e Cáspio, onde contribuiu para o colapso da pesca ao competir com criaturas nativas por comida, bem como nos mares Mediterrâneo, Báltico e do Norte.

Para lançar luz sobre as táticas de sobrevivência da noz-do-mar, os pesquisadores realizaram experimentos nos quais deixaram um grupo de águas-vivas passar fome e feriram fisicamente outro, removendo tecido de seus lóbulos. Como outros ctenóforos, as nozes-do-mar podem se regenerar completamente até mesmo a partir de um pequeno pedaço de carne. Os mesmos pesquisadores descobriram anteriormente que o sistema nervoso da noz-do-mar é fundido, o que pode conferir alguma vantagem para o reparo e a cura do tecido.

As nozes-do-mar famintas e amputadas encolheram em pequenas bolhas, mas não morreram. Quando os pesquisadores alimentaram os dois grupos novamente, eles observaram que 13 das 65 águas-vivas testadas tinham desenvolvido tentáculos, um sinal de que tinham regredido ao estágio larval.

A coautora Joan J. Soto-Angel, bióloga marinha e pesquisadora de pós-doutorado na Universidade de Bergen, na Noruega, disse que as águas-vivas usaram seus tentáculos para capturar alimentos aos quais não teriam acesso quando adultas, explorando um novo nicho ecológico. Com comida suficiente, as águas-vivas-de-pente eventualmente atingiram seu tamanho original novamente e regeneraram seus lóbulos. As criaturas até recuperaram sua capacidade de reprodução, de acordo com o estudo.

- "Encontrar um terceiro animal capaz de 'envelhecer ao contrário' foi uma grande surpresa", disse Joan. - "O processo pelo qual M. leidyi regride para sua forma larval é diferente de como a água-viva-imortal o faz, mas ambos os animais podem ajudar os pesquisadores a entender melhor o envelhecimento."

As águas-vivas também são uma das mais antigas linhagens animais existentes e possivelmente o grupo irmão de todos os animais , o que as torna um modelo único para estudar a evolução.

Ainda não está claro se as águas-vivas-de-pente realmente voltaram no tempo em sua idade, ou se elas simplesmente encolheram, disse Yoshinori Hasegawa, zoólogo do Instituto de Pesquisa de DNA Kazusa no Japão que não estava envolvido na pesquisa. Segundo ele isto parece um rejuvenescimento imperfeito.