Por que o tempo passa mais rápido à medida que envelhecemos?

É estranho. O tempo parece mais rápido quanto mais velhos ficamos. Posso pensar em um evento de três anos atrás, e parece que foi ontem. Ainda uso as mesmas roupas. Meu corte de cabelo é o mesmo. Moro no mesmo lugar e como a mesma comida. Nada distingue muito aquele evento do meu presente. No entanto, para uma criança ou adolescente, três anos podem parecer uma vida inteira. Por que isso acontece? Primeiro porque o cérebro do adolescente é estruturado de forma única para capturar memórias de momentos cotidianos. Segundo, à medida que envelhecemos e a vida se torna mais rotineira, o tempo parece passar mais rápido.

Crianças e adolescentes vivenciam significativamente mais mudanças, com mais frequência, do que adultos. Eles crescem mais, usam roupas novas, trocam de escola, têm amigos diferentes e aprendem coisas novas na sala de aula. É um mundo de transição e mudança. Como adultos, muitos desses fatores se estabilizam e não mudam em nada.

Durante a adolescência, que os pesquisadores identificam como entre 10 e 25 anos de idade, o cérebro passa por mudanças significativas. Laurence Steinberg, professor de psicologia na Universidade de Temple e especializado na pesquisa com adolescentes, o chama de cérebro de "oportunidades" porque está totalmente aberto ao aprendizado.

Imagine milhares de neurônios todos colidindo uns contra os outros, igualmente propensos a ativar uns aos outros. Os adolescentes são altamente sintonizados e sensíveis ao seu ambiente porque seus cérebros estão abertos a tudo e qualquer coisa que aconteça com eles. Eles usam essa abertura para aprender como o mundo funciona e como funcionar nele.

Quando os hormônios sexuais entram em ação, eles reforçam esse aprendizado por meio da mielinização, ou o ato de adicionar uma bainha de gordura em cima dos neurônios altamente ativos, para ajudá-los a disparar 100 vezes mais rápido do que os neurônios não mielinizados.

O cérebro pega o que aprende e o conecta. Eventos estressantes da vida têm um impacto maior quando ocorrem na adolescência em comparação com a meia-infância, porque o cérebro se conecta às experiências da adolescência.

É por isso que temos uma experiência paradoxal do tempo. Quando somos adolescentes, somos tão abertos e receptivos ao mundo que ele parece constantemente novo e fresco. Nossas interações com professores, amigos, material em sala de aula, pais, sociedade e muito mais moldam como entendemos o mundo e como operamos nele.

Experimentamos grandes emoções, nos ensinando sobre relacionamentos, responsabilidade e tudo mais. Parece que muita coisa acontece todos os dias porque nossos cérebros estão absorvendo muitas coisas.

À medida que envelhecemos, nossos cérebros não são conectados para absorver tantas coisas do mundo exterior, ou para aprender da mesma forma. Portanto, três anos atrás pode parecer ontem: não mudou muito em nosso cérebro, nossa percepção ou nossa experiência vivida.

Conforme envelhecemos, criamos menos memórias e entendemos melhor o mundo, então nosso cérebro não precisa registrar tanta informação. À medida que envelhecemos, o tamanho e a complexidade das redes neurais no cérebro aumentam. Isso significa que os sinais elétricos têm que viajar distâncias maiores, o que leva mais tempo.

Então o que podemos fazer para nos ajudar a sentir que a vida não está passando por nós? Aqui estão três dicas:

1. Mude sua rotina. Tente pegar um novo caminho para o trabalho ou peça um novo prato no seu restaurante favorito. Leia um livro de um gênero que você normalmente não escolhe. Fale com um estranho em um bar. Enquanto seu cérebro não está desejando essas novas experiências, você pode buscá-las ativamente, imitando o estilo de vida adolescente.
2. Preste atenção às pequenas coisas. Mergulhe em seu corpo e no momento presente. Concentre-se em quem está ao seu redor, na natureza ao seu redor e muito mais. Só existe esse momento no tempo. Pense nisso como "criar uma memória". Olhe para os membros da sua família e tente capturar cada detalhe de como eles se parecem nessa idade específica, como é estar com eles e muito mais, sabendo que esse momento vai passar. Essa técnica pode ajudar a estender o momento presente por meio de sua atenção aumentada e das emoções que surgem.
3. Seja grato pela consistência. A vida adulta é menos uma montanha-russa do que os primeiros anos, e isso pode ser uma coisa linda. A consistência é menos estressante. Somos mais capazes de apreciar as pequenas coisas precisamente porque nossa experiência cotidiana é menos intensa. Temos mais conhecimento e controle sobre como fazer nossos corpos, emoções e mentes funcionarem bem. De fato, um meta-estudo do Psychological Bulletin com 461.000 participantes mostrou que a satisfação com a vida aumenta gradualmente da adolescência até os 70 anos. Embora a adolescência possa ter sido altamente memorável, em geral, as pessoas acham a vida adulta mais satisfatória.

O sistema circadiano é principalmente dopaminérgico, e a liberação de dopamina é aumentada por eventos prazerosos. Isso pode fazer com que o relógio interno funcione mais rápido, fazendo com que intervalos curtos pareçam mais longos do que são.

É um tropo tão comum lamentar a rapidez com que o tempo passa que nem nos damos conta que isso acaba causando insatisfação desnecessária com a nossa própria vida. Se a passagem do tempo lhe causa ansiedade ou pensamentos negativos, você não está sozinho, lógico! Estamos todos fazendo essa coisa humana juntos. No entanto, se invertermos nossa mentalidade, podemos valorizar os pequenos momentos e saborear a estabilidade da vida adulta, em vez de vivenciá-la como algo negativo.