O ser humano é cativado por cavalos há muito tempo. Eles aparecem mais do que qualquer outro animal em pinturas em cavernas que datam 30 mil anos atrás. Mas como os cavalos fizeram a passagem de animais selvagens para animais que os humanos pudessem pegar uma carona e até mesmo viajar, determinando o destino das civilizações e alterando drasticamente a história? Os equídeos originalmente evoluíram na América do Norte no período eoceno, quando uma espécie equídea ancestral, hoje conhecida como Eohippus, começou a galopar pela ponte então terrestre de Bering. |
Os equinos ancestrais, eventualmente, se espalharam pela Eurásia e depois, usando a ponte terrestre de Gonfotério, chegou até a África, se diversificando entre as linhagens que dariam origem aos atuais cavalos, burros, e zebras.
Humanos primitivos, incluindo as gerações de primeiras pessoas a morar nas Américas, caçavam cavalos selvagens, algumas vezes transformando seus ossos em ferramentas.
E então, entre 15 e 5 mil anos atrás, provavelmente por mudanças climáticas, a caça feita pelos humanos, e a competição com bisões, os cavalos desapareceram do registro arqueológico da América. Mas eles voltariam eventualmente.
Enquanto isso, do outro lado do mundo, por volta de 2 mil a.C., algo muito consequencial aconteceu: as pessoas na estepe da Eurásia Ocidental domesticaram os cavalos. Nessa altura, as pessoas na Ásia ocidental já haviam domesticado vários animais e começaram a usar alguns para puxar carroças.
Mas, por cavalos serem mais rápidos e mais difíceis de controlar no geral, o povo das estepes desenvolveu um sistema de rédeas e freio e carroças com rodas raiadas e leves. Os cavalos rapidamente foram incluídos em diversas culturas ancestrais.
Em contraste com o uso da carroça puxada por cavalos, a montaria parece ter sido menos comum no início. Evidências arqueológicas indicam que as pessoas que montavam em cavalos durante esse estágio inicial faziam sem selas estruturadas ou estribos. Isso por vezes alterou ou danificou os esqueletos de cavaleiros e cavalos.
As pessoas continuaram a criar cavalos para serem menos agressivos, com uma resistência maior e habilidades para suportar peso. E também devolveram técnicas e ferramentas para maior controle e conforto. Após cerca de mil a.C., a cavalaria aparecia no combate ao redor de boa parte da Ásia. Os cavaleiros das estepes e desertos tornaram-se renomados por sua destreza a cavalo.
O sacrifício cerimonial de cavalos também adentrou as tradições funerárias de algumas culturas. Um local de sepultamento real Cita, que é datado por volta do século 9 a.C., continha os restos mortais de quase 200 cavalos com equipamento de equitação.
Os oficiais da China antiga perceberam o quão vantajosos os cavalos eram para os seus vizinhos e alguns cobiçavam grandes números deles para o seu próprio império. Por volta de 100 a.C., o imperador chinês teria enviado um exército de 30 mil homens ao oeste, que cercaram uma cidade e mataram o seu rei, tudo isso por 3 mil dos chamados "cavalos-celestiais" de Fergana. Entre os séculos 4 e 8 d.C., cavaleiros das estepes difundiram nas culturas tecnologias de montaria, como estribos.
E grupos nômades eventualmente se uniram em forças imparáveis a cavalo. O Império Mongol ascendeu ao poder no século 13, e invadiu, negociou e tombou impérios por distâncias antes inimagináveis. Eles desenvolveram um sistema veicular postal por meio de cavalos que se estendia por mais de 60 mil km. O sucesso imperial deles dependia do bem-estar de seus cavalos e os líderes sabiam disso.
Em 1252, antes de iniciar as suas próximas campanhas militares, Möngke Khan, o quinto cã do império, enviou autoridades na frente para proibirem a pastagem de gado para que houvessem pastos abundantes para os seus alazões.
Os cavalos continuaram a se espalhar, enfim estimulando os impérios equestres, chegando ao sul do Saara. Em meados século 14, o império do Mali supostamente tinha uma cavalaria de mais de 10 mil que controlava cerca de 1 milhão de km quadrados da África Ocidental.
E em 1500, os cavalos foram finalmente reintroduzidos nas Américas. Eles parecem ter escapado do controle dos espanhóis rapidamente já que o povo indígena, desde os Pampas até as Grandes Planícies, os trocavam por meio de redes comerciais expansivas. A colonização e o comércio espalharam cavalos ainda mais ao redor do mundo.
E bem no século 20, eram um meio difundido e essencial de viagem e transporte. Isso não veio sem complicações: problemas de higiene e bem-estar dos animais surgiram, especialmente nas cidades. E muitos centros humanos se transformaram com a introdução de meios de transporte não vivos, como os automóveis.
No começo dos anos 70 chegou a equoterapia, o método terapêutico que usa cavalos para ajudar no desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiências ou necessidades especiais. A equoterapia é uma abordagem interdisciplinar que combina as áreas de saúde, educação e equitação. Durante as sessões, os cavalos e os participantes dividem o mesmo ambiente e o profissional responsável pela condução da sessão levanta questões. Os equinos interpretam as respostas corporais do indivíduo e reproduzem-nas em forma de pequenos gestos.
A maioria das evidências indica que os humanos espalharam cavalos domésticos da Eurásia ocidental e que as populações domésticas foram suplementadas com indivíduos selvagens, o que aumentou a diversidade genética dos cavalos domésticos.
Com base em análises genéticas modernas, as respostas às perguntas que cercam a domesticação do cavalo são que o cavalo tem uma ancestralidade diversa, que houve mais de um evento de domesticação e que os cavalos domésticos foram amplamente cruzados ao longo da história de sua domesticação.
Como deu para perceber, as pessoas mantém relações multifacetadas com os cavalos montando, pastoreando, correndo ou os admirando, desde as estepes da Mongólia até as pradarias dos Pampas gaúchos, até hoje.
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