O ano é 1526, onde hoje é o Norte da Índia, e o sultão Ibrahim Lodhi está prestes a enfrentar um príncipe da Ásia Central, Zahiruddin Muhammad Babur. Para anular a ameaça, o sultão levou seus elefantes de guerra para batalhar. Mas dizem que as explosões dos canhões e mosquetes de Zahiruddin assustaram os elefantes que acabaram pisoteando o próprio exército do sultão. Zahiruddin há muito nutria ambições de construir seu próprio império. Embora fosse descendente de alguns dos conquistadores mais bem-sucedidos do mundo, ele lutou para se firmar entre os muitos príncipes ambiciosos na Ásia Central. |
Então ele voltou sua atenção para a Índia, onde seus descendentes ficaram e construíram o Império Mogol, um dos mais ricos e poderosos estados do início do mundo moderno e lar de quase um quarto da população global.
Zahiruddin morreu quatro anos depois daquela batalha fatídica, mas suas próprias memórias e o trabalho de seus descendentes o imortalizaram de maneira colorida. Sua filha, Gulbadan, relembrou em suas próprias memórias como Zahiruddin, que havia recentemente parado de beber, encheu uma piscina recém construída com limonada ao invés de vinho.
Seu neto, Akbar, encomendou delicadas pinturas em miniatura das histórias de Zahiruddin; uma descrevia o fundador do império cavalgando pelo seu campo, caído bêbado sobre seu cavalo. Foi Akbar quem consolidou o poder Mogol. Ele estabeleceu proteção aos camponeses, o que aumentou a produtividade deles e gerou mais receita tributária, e embarcou em campanhas militares para expandir o território Mogol.
Os príncipes que juravam lealdade a ele eram recompensados, enquanto ele fazia de exemplo brutal aqueles que resistiam, matando eles e muitos de seus súditos. Suas conquistas criaram acessos à cidades portuárias no Oceano Índico que conectavam os mogóis a comerciantes árabes, chineses, otomanos e europeus, trazendo uma incalculável riqueza, incluindo prata e novas safras das Américas.
Como o governante muçulmano de um império diverso e multiétnico, Akbar trabalhou para criar coesão interna, nomeando membros da maioria hindu para cargos altos em seu governo, se casando com uma noiva hindu e distribuindo cópias traduzidas do "Mahabharata", um antigo poema épico indiano, para seus nobres muçulmanos.
Akbar também sediou debates religiosos animados onde muçulmanos sunitas e xiitas, hindus, jainistas, zoroastras e os recém-chegados missionários jesuítas portugueses defendiam os méritos de sua respectiva fé. Enquanto a maioria dos participantes viam isso como um exercício intelectual, os missionários portugueses ficaram decepcionados devido a sua falha em converter Akbar.
Os mogóis construíram obras primas arquitetônicas como o Forte Vermelho, um palácio de 3 km de circunferência que abrigou 50 mil pessoas e continha o magnífico Trono do Pavão, incrustado de jóias e ouro. Só o trono levou sete anos para ser construído. Durante os primeiros 180 anos, os mogóis tiveram apenas seis governantes, o que contribuiu para a estabilidade do império.
Quando o quarto imperador, Jahangir, teve problemas de vício em álcool e ópio sua esposa, Nur Jahan, tomou as rédeas como co-governante. Quando um general traidor capturou seu marido em uma tentativa de golpe, ela negociou sua libertação e convocou o exército para impedir a rebelião. Uma vez, ela liderou um grupo de caça para rastrear um tigre que estava aterrorizando um vilarejo, levando um poeta a escrever:
- "Embora Nur Jahan esteja na forma de uma mulher. Na categoria dos homens ela é uma matadora de tigres."
Em 1628 subiu ao trono Shahabuddin Mohammed Shah Jahan, o terceiro filho de Jahangir. Seu reinado de 30 anos ficou marcado pelo auge de suas realizações arquitetônicas e culturais e pela devoção que tinha pela esposa Mumtaz Mahal. Ela morreu dando a luz a uma menina saudável, o 14º filho de Shah Jahan e para homenageá-la o Imperador protemete que criaria o maior e mais belo palácio do mundo: o Taj Mahal, mas esta história eu vou contar em outro artigo.
Após a morte do sexto imperador Aurangzeb, em 1707, sete imperadores assumiram o trono nos 21 anos seguintes. Essas frequentes transições de poder refletiram nas grandes crises políticas, econômicas, sociais e ambientais que afetaram o império durante o século XVIII. Em resposta a esta turbulência, líderes regionais começaram a se recusar a pagar impostos e se libertaram do controle Mogol.
A Companhia Britânica das Índias Orientais ofereceu apoio militar a esses governantes regionais, o que em troca aumentou sua influência política, possibilitando que eventualmente ela tomasse controle direto de Bengala, uma das regiões mais ricas da Índia. No século XIX, a Companhia das Índias Orientais tinha enorme influência política e um grande exército permanente, que incluía tropas indianas.
Quando essas tropas se rebelaram, em 1857, com o objetivo de expulsar os britânicos e restaurar a influência Mogol, o governo britânico interviu, substituindo o domínio da companhia pelo domínio colonial direto, destituindo o último imperador mogol e enviando-o para o exílio. Assim, mais de três séculos após sua fundação, o Império Mogol chegou ao fim.
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