No começo deste ano, a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) divulgou dados que reforçam o papel do café como um alimento de extrema importância para os brasileiros. Segundo a entidade, foram consumidas 21,7 milhões de sacas em 2023 no país, maior exportador e produtor de café com cerca de um terço do café do mundo, ou cerca de 2,68 milhões de toneladas anuais. Os Estados Unidos, maior consumidor e comprador de café do mundo, tem que importar quase tudo o que consome uma vez que os cafeeiros só crescem a nível comercial entre o Trópico de Câncer e o Trópico de Capricórnio, área denominada "cinturão do café". |
No entanto, os Estados Unidos são os maiores compradores somente graças à sua grande população. Os maiores entusiastas bebedores de café per capta são, em ordem crescente, os Países Baixos, Dinamarca, Islândia, Noruega e, o campeão mundial, Finlândia, onde bebem três vezes mais café por dia do que o brasileiro médio.
Todos esses países estão fora da faixa do café e precisam importar 100% do seu suprimento de cafeína. Para se ter cafeína, primeiro abelhas devem polinizar as flores de um cafeeiro e essas flores desenvolvem frutos vermelhos. Ao contrário das plantas mais domesticadas, o cafeeiro não amadurece todos os seus frutos ao mesmo tempo, logo, eles precisam ser colhidos e separados.
Uma vez colhidos, o grão de café é retirado de dentro do fruto. Essa jovem semente do cafeeiro então é secada, aquecida, aterrada e mergulhada em água fervente para se tirar a preciosa, preciosa cafeína. Leva em torno de 40 grãos de café para produzir um expresso. Mas por que a cafeína estava nos grãos de café em primeiro lugar? Não é como se os cafeeiros querem que humanos cortem seus pedaços e cometam um holocausto de seus frutos.
Bem, as árvores, claro, não querem ou sentem nada e originalmente desenvolveram a cafeína para seu próprio benefício. Cafeína é um inseticida que efetivamente paralisa ou mata insetos mastigando suas folhas. Se os insetos saem experimentando o maior barato de cafeína do mundo não é sabido. Embora cafeína seja (tecnicamente) letal, ela é adaptada para insetos de uma grama, não para macacos com cem mil vezes mais massa. Então teríamos que tentar ganhar esse Prêmio de Darwin.
Mas, se você quiser: para calcular a dose de cafeína que você precisa ingerir para ter 50% de chance de morte, pegue sua massa em quilogramas e multiplique por 150mg. Ou, em termos de café, para cada quilo de massa você precisa beber uma dose de café com leite para ganhar uma visita da senhora morte. Isso é bastante café, então não é surpreendente que não haja mortes documentadas de adultos saudáveis através desse método e é incerto que seja mesmo possível.
Porque, enquanto você estiver ocupado colocando café para dentro, seu corpo vai se ocupar de botar para fora, de um jeito ou de outro. As raras mortes por cafeína documentadas são de pílulas de dieta, pílulas estimulantes e pessoas loucas que comem a droga na sua forma pura. Apesar de ser um veneno, você ainda pode desenvolver dependência de cafeína.
E uma verdadeira dependência fisiológica, não uma dependência psicológica como as pessoas clamam que videogames e internet são. Mas cafeína não é heroína -abstinência não vai te matar- pode te deixar doente e te dar uma dor de cabeça forte, mas, já que a cafeína libera dopamina para te deixar feliz e livra-se de dores de cabeça, não há nenhuma razão para parar de usá-la.
E quem iria querer deixar ela de lado? Quer dizer, além de adeptos do Mormonismo e Rastafarianismo. Cafeína é a droga psicoativa mais utilizada do mundo e por uma boa razão: é beleza pura. Aumenta concentração, diminui fadiga e melhora a memória. Isso não é só placebo, pois existem efeitos reais replicáveis em laboratório.
E, ao contrário da crença popular, beber café não é uma barganha faustiana na qual o diabo lhe dá a habilidade de trabalhar mais rápido enquanto encurta sua vida. Para humanos normais, não há preocupações médicas. Café e a sua cafeína podem até trazer benefícios médicos como a prevenção de doenças cardiovasculares, diabetes e mal de Parkinson.
Cafeína pode até acabar com enxaquecas, mas a quantidade necessária e o método de ingestão é... desconfortável. Você sabe pelo que mais pode agradecer à cafeína? Uma coisinha chamada iluminismo. No século XVII, as pessoas bebiam mais cerveja e gim do que água. Mas com a introdução do café e chá, as pessoas trocaram de um depressivo para um estimulante.
Não é de se espantar que nessa época ocorreu um boom intelectual comparado com os séculos anteriores. Benjamin Franklin e Edward Lloyd amavam café pela mesma razão que os trabalhadores modernos e estudantes amam. É inestimável para se manter acordado e concentrado quando se precisa terminar um relatório ou aguentar aquela aula chata de física. Café é o combustível do mundo moderno!
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