Em 1934, uma ventania atingiu o Observatório do Monte Washington, no estado norte americano de New Hampshire a 372 km/h. Em 1985, uma microrrajada fez um voo da Delta Airlines cair na pista. E em 2017, o furacão Irma deixou um rastro de destruição, arrancando telhados e árvores com ventos de mais de 298 km/h. Então, qual é a velocidade do vento mais rápida já registrada? Há diferentes registros dependendo de onde o vento ocorreu, o que o criou e qual instrumento foi usado para mediar a rajada. |
Os ventos mais fortes do sistema solar estão em Netuno, onde sopram a uma velocidade supersônica de 1.770 km/h, ou 1,5 vez a velocidade do som, de acordo com a NASA. Na Terra, túneis de vento construídos pelo homem podem criar ventos supersônicos, definidos como mais rápidos do que 1.225 km/h ao nível do mar. Como o Túnel de Vento Supersônico 10×10 no Centro de Pesquisa Glenn da NASA, que pode criar velocidades de vento de até mach 3,5, ou cerca de 4.321 km/h.
A rajada de vento natural máxima já registrada é de 407 km/h, de acordo com o Arquivo Mundial de Climas Extremos e Meteorológicos, mantido pela Organização Meteorológica Mundial (OMM). Ocorreu na Ilha Barrow, Austrália, em 10 de abril de 1996, quando um ciclone tropical atingiu a ilha isolada. Ciclones tropicais são os mesmos que furacões, mas ocorrem no Pacífico Sul e no Oceano Índico. Um anemômetro -um instrumento que normalmente tem três copos que giram em torno de um eixo central quando o vento sopra- na estação meteorológica da ilha registrou a rajada de 3 a 5 segundos.
Demorou mais de uma década para que a OMM visse os dados e os confirmasse nos livros de registro, porque a Ilha Barrow é propriedade privada da empresa petrolífera Chevron.
- "Ele meio que passou despercebido por alguns anos", disse Randall Cerveny, professor de ciências geográficas na Universidade Estatak do Arizona. Randall também é o relator da OMM sobre extremos climáticos e de tempo, e sua equipe foi responsável por verificar o registro. Eles viajaram para a Austrália e encontraram o mesmo anemômetro intacto e funcional. A leitura não era uma anomalia.
A OMM só reconhece dados de velocidade do vento de instrumentos como anemômetros porque é uma medição física do vento. Isso significa que há velocidades de vento registradas mais rápidas do que aquelas na Ilha Barrow, mas elas foram medidas com dispositivos que usam estimativas ou cálculos, então não entram nos livros de registro.
As leituras do anemômetro têm algumas limitações, no entanto. As estruturas em que são montadas podem ser danificadas por ventos fortes, e elas podem ser colocadas apenas onde humanos podem ir. Por exemplo, não é fácil levar um anemômetro a 6 a 13 quilômetros de altura na corrente de jato. As correntes de jato são rios rápidos de ar que podem atingir velocidades de mais de 443 km/h.
Randall e sua equipe estão atualmente investigando registros de velocidade de corrente de jato de 483 km/h sobre o Japão e o Oceano Pacífico Ocidental como potenciais quebradores de recordes. Essas seriam medições diretas do vento feitas por um instrumento chamado radiossonda acoplada a um balão meteorológico.
- "Esses podem ser os ventos mais fortes do mundo que já vimos no planeta", disse ele.
Outra maneira de medir a velocidade do vento é com o radar Doppler. As gravações de radar não são consideradas para registros de vento pela OMM porque são estimativas remotas, em vez de medições diretas. O radar envia um pulso de energia que se espalha em gotas de chuva ou gotículas de água da nuvem e mede a energia que retorna. Ele repete esse processo e calcula a diferença entre as leituras.
- "Então, é possível calcular a velocidade com que a gota de chuva média está se movendo naquele volume", disse Joshua Wurman, diretor da instalação de Conjunto Flexível de Radares e Mesonets, da Universidade do Alabama em Huntsville, . - "A maior vantagem do radar é que ele pode medir coisas que estão muito distantes. Isso inclui tornados de movimento rápido, que podem chicotear o ar em velocidades ainda mais rápidas do que na Ilha Barrow."
Joshua estuda tornados usando o doppler sobre rodas, um dispositivo de radar na traseira de um caminhão grande. Isso permite que ele siga tornados e os mapeie com radar sem precisar estar dentro do tornado. Essas velocidades não entrarão nos livros de recordes (por enquanto) porque a OMM considera as velocidades do vento de tornados como uma categoria separada, porque elas não podem ser medidas diretamente.
Mas, se eles obtiverem medições de vento de instrumentos físicos verificáveis de dentro de um tornado, eles provavelmente reestruturariam as categorias de ventos extremos para refletir os novos dados.
Joshua e outros registraram as maiores velocidades de vento de tornado em 1999 em Bridge Creek, Oklahoma, a 486 km/h, de acordo com o arquivo da OMM. Joshua publicou os resultados em um artigo de 2007 no periódico Monthly Weather Review.
Mais recentemente, a equipe de Joshua calculou velocidades de vento tão altas quanto 497 a 512 km/h em um tornado que atingiu Greenfield, Iowa, em maio de 2024, de acordo com uma declaração. No entanto, a margem de erro na estimativa do radar significa que essa nova leitura é basicamente a mesma do registro de 1999.
- "Acho que é seguro dizer que há tornados raros com ventos acima de 483 km/h", disse ele. - "Provavelmente não há nenhum que ultrapasse 644 km/h, só porque não vimos nada que exceda 500 por muito."
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