Em 1776, um império poderoso surgiu na América do Norte. Os Dacotas haviam chegado nas Colinas Black, uma região montanhosa isolada, localizada no interior das Grandes Planícies americanas, no estado de Dakota do Sul, considerado então o lugar mais sagrado e cobiçado para a caça de búfalos nas planícies ocidentais. O controle das Colinas Black, ou Paha Sapa, consagrou os Dacotas como a força dominante no oeste americano. Algumas décadas antes, eles competiram pelo poder nas florestas da região leste e foram sumariamente derrotados. |
Como uma das sete nações, ou sete conselhos do fogo, que faziam parte da Aliança Sioux, os Dacotas viveram nas florestas e pântanos entre os Grandes Lagos e o Vale do Missouri, por séculos. Nos anos 1600, colonizadores europeus desestabilizaram essa região.
Enquanto algumas tribos comercializavam peles com a Nova França, os Dacotas viviam fora das melhores área de comércio. Então, no início de 1700, eles voltaram sua atenção para o oeste. As planícies ocidentais eram menos férteis e abundantes do que suas terras natais. O único acesso fácil à água e comida estava nas terras ao longo dos rios, que os Arikaras já haviam reivindicado.
Para competir, os Dacotas se tornaram habilidosos caçadores de bisões e guerreiros a cavalo. Conquistaram os agricultores Arikara, forçando-os a pagar tributos de milho e abóbora. Quando os espanhóis chegaram esperando achar um comércio lucrativo, na verdade tiveram que pagar pedágios aos Dacotas. Em 1804, um novo espetáculo surgiu flutuando no Rio Missouri: Merriwether Lewis e William Clark no chamado Corpo Expedicionário sob os auspícios do presidente Thomas Jefferson.
O chefe Dacota Búfalo Negro os impediu, exigindo tributo para que passassem. Apesar desse começo difícil, a expedição marcou o início de uma estreita aliança comercial entre os Dacotas e os Estados Unidos. Os homens caçavam bisões e as mulheres faziam mantos para venda. O governo dos EUA fornecia armas, munição e outros bens, como vacinas contra varíola, que os protegeram das epidemias mortais que devastaram outras nações indígenas americanas.
No papel, os EUA haviam adquirido terras dos Dacotas da França na compra da Louisiana. Mas os Dacotas não cederam suas terras por causa de um acordo entre duas potências estrangeiras. Embora houvesse 15 mil Dacotas e 23 milhões de americanos, a população e a força militar dos EUA se concentravam na costa leste.
Levar um exército ao território Dacota representava uma enorme despesa, e uma vez lá, eles deveriam enfrentar guerreiros formidáveis com alianças e profundo conhecimento local. Para evitar uma guerra que não poderia pagar ou ganhar, o governo dos EUA tentou apaziguar os Dacotas, pagando altos tributos de munição e rações exigidas pelos líderes Dacota.
Enquanto quase todos os indígenas da América do Norte estavam sendo expulsos de sua terras e colocados em reservas, o império dos Dacotas estava expandindo. Em 1850, eles controlavam quase 500 mil quilômetros quadrados. Eles se espalhavam por toda essa área, mudando suas vilas em busca de bisões. Mesmo sem uma autoridade central, os líderes de bandos, ou oyates, reuniam-se nas Danças do Sol anuais, para criar estratégias e coordenar complexas operações diplomáticas.
Durando algumas semanas em cada verão, as Danças do Sol eram cerimônias que reafirmavam laços comunitários, acalmavam Wakan Tanka, o Grande Espírito, mantendo o mundo em equilíbrio. A partir de 1849, a corrida do ouro levou muitos colonos brancos para o oeste, invadindo o território Dacota e perturbando as manadas de bisões.
Os líderes Dacota interpretaram que essa migração era um sinal que os EUA não respeitavam mais suas reinvindicações sobre a terra. Em retaliação, eles atacaram vagões de trens e escritórios do governo. O conflito crescia e Chefe Nuvem Vermelha foi chamado para negociou em Washington. De volta ao território Dacota, os chefes Touro Sentado, Cavalo Louco e outros se preparavam para a batalha.
Eles mobilizaram seus aliados Cheyennes e Arapahos e quase todas as outras nações Sioux contra os EUA. Em 1876, 100 anos depois da chegada dos Dacotas, garimpeiros de ouro ocuparam as montanhas sagradas. Para muitos Dacotas, essa foi a gota d’água. Após uma visão de Touro Sentado, Cavalo Louco liderou as forças Dacota para derrotar os americanos na Batalha de Little Bighorn.
Cansados de serem derrotados pelas tribos indígenas, os militares decidiram mirar suas armas nos bisões, fonte de sustento dos Dacotas. Por volta de 1880, quando a população de bisão rondava umas 5 milhões de cabeças, na tentativa de empurrar as tribos indígenas para as reservas, o plano do Exército para subjugar as tribos de caçadores-coletores do oeste americano envolvia essa ideia pouco ortodoxa: destruir seus recursos.
Até mesmo os passageiros dos trens atiravam em bisões por esporte. "Buffalo" Bill Cody, que foi contratado para matar bisões, matou mais de 4.000 bisões em apenas dois anos. Os comandantes militares americanos ordenaram que as tropas militares, em vez de enfrentar as tribos indígenas nos campos de batalha, matassem bisões para negar aos nativos americanos a sua importante fonte de alimento.
O governo e o exército conseguiram dizimar as populações de bisões, e os dacotas enfrentaram a fome. Para sobreviver, se mudaram para as reservas, onde os oficiais dos EUA assassinaram Touro Sentado e Cavalo Louco, e tentaram desmantelar a cultura deles, proibindo a Dança do Sol nas reservas.
Os Dacotas começaram um protesto chamado de Dança Fantasma. Alarmado por essa resistência, em 1890 o exército matou centenas de Dacotas, incluindo mulheres e crianças, no riacho Wounded Knee. Hoje em dia, os Dacotas continuam a lutar por sua cultura e sua terra. Em 2016, atraíram apoiadores para protestar contra a construção de uma tubulação passando no meio da reserva deles, continuando uma longa história de resistência a um governo conhecido por quebrar suas promessas.
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