Oscar, o gato que sentia o cheiro da morte

Em 2005 ficou famoso o caso de um gato, gato de terapia chamado Oscar, que foi pelo Centro de Enfermagem e Reabilitação Steere em Providence, no estado norte americano de Rhode Island. O Steere, que se autointitula como uma instalação "amiga dos animais" permite que uma variedade de animais de estimação visitem e residam lá. O centro de reabilitação tem uma centena de leitos que trata pessoas com Alzheimer, doença de Parkinson e outras doenças em estágio terminal, a maioria das quais geralmente desconhece o ambiente ao seu redor.

Ele ganhou destaque público em 2007, quando foi destaque em um artigo do geriatra David Dosa no New England Journal of Medicine (NEJM). De acordo com David, Oscar parecia capaz de prever a morte iminente de pacientes terminais ao escolher tirar uma soneca ao lado deles algumas horas antes de morrerem. As hipóteses para essa habilidade incluem que Oscar estava percebendo a falta de movimento em tais pacientes ou que ele podia sentir o cheiro de bioquímicos liberados por células morrendo.

Depois de aproximadamente seis meses, médicos e enfermeiras notaram que fazia sua ronda própria entre os pacientes. Oscar cheirava e observava os doentes, escolhendo um deles para ir deitar-se junto. O que surpreendia a todos era que aqueles pacientes com quem Oscar dormia, vinham a falecer cerca de duas a quatro horas depois.

Um dos primeiros casos anotados referia-se uma paciente que tinha um coágulo na perna quando estava fazendo muito frio. Oscar aninhou-se em volta de sua perna, e ali permaneceu até quando a mulher veio a falecer.

Outro caso exemplar foi o do médico que havia feito um prognóstico de morte iminente, baseado nas condições do paciente, quando Oscar simplesmente se afastou, fazendo com que o médico acreditasse que o dom do gato tivesse desaparecido. Entretanto, aquilo ocorrera 12 horas antes da morte do paciente. Dez horas depois, Oscar aproximou-se do doente, e este morreu dentro de duas horas: a prognose do facultativo ocorrera cedo demais.

A precisão de Oscar, que até agosto de 2007 contava com mais de 25 casos comprovados, levou o pessoal que trabalha no centro a instituir um novo e incomum protocolo: toda vez que ele dormia com um paciente, os parentes deste eram notificados de sua morte iminente.

Na maioria das vezes, a família do paciente não prestava atenção no fato de que Oscar estava presente na hora da morte; em algumas ocasiões, entretanto, quando o gato era afastado do quarto a pedido dos parentes, ele ficava andando de um lado para o outro em frente à porta, miando em protesto. Quando permanecia, Oscar ficava com o doente até que este vinha a exalar seu último suspiro, momento em que o gato se levantava, dava uma olhada, e partia placidamente.

Habilidades à parte, o que tornava isto ainda mais esquisito e enigmático no comportamento do animal é que ele, segundo descrição de David Dosa, - "...nem era uma gato de terapia, porque não gostava muito das pessoas". Um bom exemplo disso foi descrito no artigo da NEJM: quando uma senhora idosa passou por ele, usando um andador, durante uma de suas jornadas, ele rosnou agressivamente, como dizendo "fique longe de mim".

As habilidades de Oscar também foram o tema do livro de 2010 de David, "Fazendo rondas com Oscar: O presente extraordinário de um gato comum. Oscar morreu aos 17 anos, em 22 de fevereiro de 2022, após uma breve doença.

Ninguém tinha certeza se o comportamento de Oscar era cientificamente significante. Nem havia a certeza de que sua conduta era resultado de habilidades inatas ou de seu convívio em um ambiente onde a morte é bastante comum e esperada. No entanto, alguns peritos no comportamento animal dizem que esta hipótese sobre Oscar sentir um cheiro associado com a morte é muito plausível.