Se tem um setor que perdeu com essa eleição de Donald Trump foi o jornalismo mundial: perdeu toda a sua dignidade ao, invés de informar, render-se de forma descarada para a candidata dos democratas, mentindo, manipulando e distorcendo dados. Independente das suas posições políticas e ideológicas a função da mídia é informar e não "torcer" para este ou aquele candidato. Na manhã de quarta, apresentadores e repórteres da GloboNews, com cara de enterro, tentavam explicar sem sucesso, porque seus prognósticos não haviam dado certo. |
Melhor do que assistir um canal jornalístico, cheio de sabichões com formação acadêmica, seria acompanhar os Simpsons, que em um episódio do ano 2000 chamado "Bart to the future", ele é hipnotizado e consegue ver o futuro. Sua irmã é a primeira presidente, e tem o desafio de equilibrar o orçamento após que o presidente Donald Trump tenha deixado os Estados Unidos em pandarecos.
O criador dos Simpsons, Matt Groening assinala que nesse momento o episódio foi proposto como um advertência consistente com a visão de que os Estados Unidos estava se tornando demente.
Segundo Groening naquele momento Trump lhe pareceu a pessoa mais absurda que poderia ocupar a cadeira presidencial. E a vida imitou a arte, já que, diz Groening, atualmente isto continua sendo verdade, Trump é o mais absurdo que poderia ocorrer como presidente.
Esta previsão soma-se a uma enorme quantidade de eventos culturais, sociais e políticos que esta popular e inteligente caricatura já antecipou. Fanáticos conspiranóicos especialmente citam os atentados do 11 de setembro.
Este outro vídeo mostra uma cena inquietantemente parecida entre o desenho animado e a campanha de Trump:
Entre as várias explicações que começaram a surgir em torno do triunfo de Donald Trump, uma que merece atenção é a relacionada aos meios de comunicação, que como em outros processos políticos, desta vez tiveram um papel fundamental no resultado dos acontecimentos. Fala-se de mídia, mas também parece que este termo poderia estar transitando para uma noção um tanto mais flexível, pois aí onde antes estava somente o rádio, a televisão ou os obsoletos jornais como fontes de informação, talvez agora caberia assinalar que temos uma forma de comunicação mais personalizada: as redes sociais, que cobram protagonismo e roubam o quarto poder da mídia.
O peso absoluto dos chamados meios sociais ainda deve ser verificado, mas sem dúvida seu peso relativo já é evidente. Algumas análises assinalam já o declive dos meios tradicionais em frente à relevância ao que parece cada vez mais crescente da informação que flui por redes como Facebook e Twitter.
Pablo Boczkowski, doutor pela Universidade Cornell e pesquisador na Universidade Northwestern, publicou há um par de dias uma análise comparativa sobre a influência de ambos candidatos -Hillary Clinton e Donald Trump- nos dois tipos de meios. A grosso modo, o ponto de partida deste exame foi a divergência na divulgação de vários jornais americanos a cada um dos políticos: Hillary foi respaldada por 229 diários e 131 semanários, enquanto Trump contou com o apoio de unicamente nove diários e quatro semanários.
No entanto, nas redes sociais a situação foi inversa: a base de fãs e seguidores foi amplamente maior para Trump, quem com 25 milhões de seguidores, somados entre Facebook e Twitter, superava Hillary com quase 7 milhões, pois nos perfis sociais da candidata a soma era de quase 18 milhões, isto em 4 de novembro, segundo os números Boczkowski. E já que as “reações” dessas pessoas também são mensuráveis, essa diferença também se traduziu em muito maior impacto para Trump nas mensagens publicadas em redes sociais, em certos casos, até 30 vezes a mais que os de Hillary.
Mas tem um problema com as redes sociais que logo deverá ficar evidenciado e que não é de bom agouro: os filtros. Tanto no Facebook como no Twitter buscaram aperfeiçoar o algoritmo para que aquilo que vemos seja realmente relevante, e isto por um propósito muito simples: que o usuário continue visitando a plataforma, tanto quanto seja possível. Se de repente deixássemos de ver coisas que nos interessam, simplesmente deixaríamos de usar o Facebook ou Twitter (como deixamos de usar o Orkut), com o qual o negócio de ambas empresas terminaria fracassando.
Por outro lado... uma coisa é bloquear aquele cara estúpido que fica dando palpite errado em todo e qualquer assunto ou aquela carola chata que posta uma frase moralista a cada 5 minutos na sua time-line, outra muito diferente é simplesmente bloquear sites e pessoas que exponham uma opinião diferente da sua. Assim a ebulição de filtros em conjunto com a configuração de usuários que "trancam seus perfis", fazem com que todos só experimentemos nossa versão personalizada da realidade, que nos mantém isolados de versões que desafiam nossas próprias ideias.
Afinal, estamos cada vez mais conectados na grande rede para nos informarmos e cooperarmos ou só buscamos a validação de nossas opiniões?
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