Os ilhéus de Jeju Island na Coréia têm algo para se orgulhar: suas avós são exímias mergulhadoras. Pode parecer surpreendente, mas para o povo da ilha este tem sido um modo de vida há séculos. Esta tradição, que em seu dia foi uma próspera profissão fomentando a economia local, de fato, agora está rapidamente se deteriorando. Muitas dessas mulheres, a grande maioria de idosas se dizem tristes porque essa prática está se perdendo cada vez mais pois as jovens coreanas de hoje não querem aprende-la. |
Para entender mais sobre as vovós mergulhadoras, precisamos voltar alguns séculos na história coreana.
Jeju Island fica a cerca de 85 quilômetros ao sul do continente. Dada a localização geográfica, a pesca sempre foi a maior ocupação na ilha.
As águas circundantes são ricas em frutos do mar exóticos como polvos, conchas, mariscos, ostras, ouriços, etc.
Mas então as autoridades decidiram sobre-taxar com altos impostos a venda desses itens e os pescadores locais praticamente desistiram de mergulhar em busca deles.
No entanto, uma brecha na lei permitia que mergulhadoras pudessem vender essas criaturas do mar, livre de impostos.
Isto deu lugar a um grande número de novas mergulhadoras no fim do Século XVIII.
Lentamente, essa ocupação cresceu para se tornar uma importante força motriz da economia do país. Estas mulheres começaram a ser chamadas de haenyo.
A presença crescente das haenyos teve grandes implicações culturais também.
Desde que a economia prosperou sob sua tutela, que naturalmente deu lugar à formação de uma sociedade matriarcal, onde as mulheres são consideradas iguais, se não superiores, que os homens.
Existiram ao menos 30.000 haenyos na pequena ilha no passado. Hoje, esse número caiu para um infeliz cinco mil.
Vários fatores contribuíram para isso, um dos mais importantes é o fato de que a maioria das mergulhadoras haenyo escolheu educar suas filhas no continente, que por sua vez não quiseram voltar
à ilha nem praticar o mergulho como uma profissão.
A indústria do turismo crescente também resultou na morte lenta da população haenyo.
A idade média das mulheres mergulhadoras de Jeju está agora em torno de 50. Há haenyos tão idosas quanto 65, e até mesmo 70 anos.
Alguns reportagens coreanas recentes sugerem que há apenas duas haenyo em toda a ilha abaixo dos 30.
A beleza das haenyos está no estilo de seu mergulho livre. Elas saem de casa em grupos e vão em direção ao mar vestidas com suas roupas de neoprene e armadas com redes e outros acessórios de mergulho.
Curiosamente, não usam cilindro de ar comprimido, uma vez que creem que só servem para atrasá-las.
Elas escolhem uma área e permanecem em atividade durante pelo menos cinco horas, retornando para suas casas para comercializar as suas capturas.
Muitas mulheres haenyo foram parte ativa no movimento de resistência coreana sob a ocupação japonesa durante a segunda guerra mundial.
As haenyo, de fato, são tratadas como heroínas nacionais pelo povo de Jeju Island e é fácil entender o motivo.
Fonte: CNNGo.
Fotos: Baraka50 no Flickr.
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