Um dos mitos mais estendidos no mundo do cinema é o dos silenciadores. Nos filmes, esse cano mágico faz com que qualquer arma deixe de fazer um ruído infernal a emitir um discreto "Pfffft!". Sabemos que não é verdade, mas como soa em realidade um arma com silenciador? Faz tempo já explicamos por que as armas de fogo fazem ruído. O estampido se origina nos gases gerados pela explosão da munição. Quando saem do canhão, estes gases se expandem e esfriam inesperadamente, produzindo o característico som de uma explosão curta e seca. "Bang!" |
Os silenciadores ou supressores amortecem esse som fazendo com que os gases da explosão passem por um cano mais longo. Normalmente, esse cano consta de várias câmeras internas. Os gases enchem uma câmera e passam à seguinte, dissipando-se de maneira mais eficiente à medida que avançam para a saída.
No entanto, nem todo o ruído vem dos gases. Parte do estrondo também é originado pelos projéteis. As balas de pistola e revólver normalmente saem disparadas a uma velocidade inferior à do som (340 m/s) ou ligeiramente superior, mas é impossível que sejam completamente silenciosas. No seguinte vídeo você pode ver o disparo de uma pistola sem silenciador, gravado a 73.000 fotogramas por segundo.
No mundo atual, a maior parte das vezes, os supressores são utilizados para que o atirador não sofra danos no ouvido. Consideram-se aceitáveis (ainda que não ideais) os níveis de ruído abaixo dos 140 decibéis. É um som mais apagado, sim, mas perfeitamente audível. Um martelo pneumático, por exemplo, emite ao redor de 120 db e todos sabemos quão desagradável é passar ao lado de um em funcionamento.
O som, com e sem silenciador
Como soa então uma pistola com silenciador? Este vídeo ilustra perfeitamente com uma pistola tática FNP-45. No minuto 0:40 começam os disparos sem silenciador. Segundos depois, dispara uma rodada com um silenciador Osprey.
Como podemos ver, o som é muito mas baixo, mas perfeitamente audível inclusive a distâncias de dezenas de metros. Este outro vídeo faz o mesmo exercício com uma Beretta M-9. Primeiro dispara com silenciador (minuto 8:10) e depois sem ele (minuto 13:40).
Silenciadores em rifles
Se o som de uma pistola já é difícil de camuflar, fica mais complicado ainda com um rifle de grande calibre. As balas de rifle, metralhadora, ou fuzil de assalto superam amplamente a velocidade do som e chegam a deslocar a uma velocidade dentre 600 e 1000 metros por segundo. Esta tabela resume o ruído, em decibéis de algumas armas quando dotadas de silenciador:
Um rifle de calibre 223, por exemplo, emite ao redor de 165 db. Se acrescentamos-lhe um silenciador, esse ruído baixa a 134 db. Na realidade, o silenciador em rifles e fuzis serve mais propriamente para dissimular de onde está vindo o tiro do que abafar o som. Este vídeo mostra como soam esses 134 db desde a posição do atirador (a partir do minuto 2:30).
Por que as metralhadoras não costumam usar silenciador?
Terminamos nossa rodada de disparos com uma questão curiosa: Por que as armas automáticas não usam silenciador? Realmente podem usar, mas não seria prático. Cristopher Whitman, do centro de experimentação da Marinha dos Estados Unidos, explica que o silenciador em armas automáticas acrescenta mais peso e é uma possível fonte de problemas devido ao reaquecimento. Se disparamos muitas balas seguidas, os gases das explosões esquentam o silenciador até o ponto de que podem danificar a saída da arma e pôr em perigo o atirador.
Neste vídeo colocam a prova precisamente isso instalando um silenciador em uma metralhadora M249. Depois de uns 350 disparos o silenciador singelamente funde-se.
Existem algumas armas, como o fuzil de assalto AS Val das forças especiais russas, que estão expressamente desenhadas para fazer menos ruído. Para isso incorporam um cano de saída mais longo que retenha os gases e usam munição subsônica SP-6 que não supera os 395 metros por segundo. O nível de ruído do AS Val ronda os 130 db.
Finalmente, e salvo casos como o do AS Val, que é para uso de atiradores de elite, as armas pesadas costumam ir montadas em cima de veículos, e o próprio som dos motores já faz com que não tenha muito sentido colocar um silenciador. No cinema, enquanto isso, podemos seguir deleitando com as aventuras de espiãs em que o silenciador faz milagres para maior glória do roteiro.
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